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Freguesia do Ó: tradição portuguesa

A boemia fica ao redor do largo da Matriz. Mais abaixo, comércio local e bancos circundam o largo do Clipper. Apesar da verticalização, os vizinhos ainda se encontram na praça mais próxima para conversar

Por Da redação
Atualizado em 20 dez 2016, 20h24 - Publicado em 7 fev 2007, 13h39
Um título para uma foto sem titulo

A Freguesia confirma a herança do colonizador. Tal qual Lisboa, Porto ou Coimbra, ela tem suas cidades alta e baixa. Essa divisão respeita o perfil topográfico acidentado. Respira-se um ar mais puro no ancestral largo da Matriz ou na caçula praça do Cruzeiro -que ficam nas altitudes mais elevadas. Por esse motivo, a região concentrou as primeiras residências e edifícios para a classe média. Agora, as torres ganham condomínios com mais serviços e áreas de lazer e se espalham pelo bairro, que conta com muitas praças e clima familiar ainda para um público de média renda. O bairro é bem servido de transporte público e pode-se chegar rapidamente ao centro da cidade. Perto da marginal Tietê, porém, o trânsito se estrangula. Uma colina debruçada sobre o rio Tietê encantou o bandeirante Manuel Preto e sua mulher, Águeda Rodrigues, em 1580. Ali construíram casa, moinho, olaria, engenho. Em 1610, o casal pediu permissão para consagrar um templo a Nossa Senhora da Esperança – da Expectação ou do Bom Parto, a Virgem que espera o Menino. Seu nome virou “do Ó” por causa das evocações começadas por ó nas novenas natalinas. Com a morte de Manuel Preto, em 1630, a sesmaria desdobra-se em fazendas para seus descendentes. O povoado, proclamado Freguesia em 15 de setembro de 1796, transformou-se, mas deixou traços das raízes. Prédios cercam a matriz, tão portuguesa. Saiba mais sobre a época colonial no livro do historiador Máximo Barro, Nossa Senhora do Ó – Secretaria da Cultura, Série História dos Bairros de São Paulo, 1977. Leia outros relatos em Ó Freguesia, Quantas Histórias, livro organizado pela jornalista Cremilda Medina, ECA/USP, 2000.

Positivos

Boa convivência com os vizinhos

Muitas praças e escolas

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Boas opções de lazer

Negativos

Trânsito carregado nas pontes

Avenidas principais muito estreitas

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Comércio pouco diversificado

Está muito diferente

O jornalista Danilo Costa estudou na escola estadual Pasquale Peccicacco, ao lado de sua casa, e fez teatro, “gratuito e aos domingos”, na Casa de Cultura. “As transformações foram grandes. Surgiram novos prédios na avenida Itaberaba e nos arredores”. Danilo aproveitou a onda de lançamentos e comprou um apartamento de dois quartos, onde mora há dois anos.

Quase nada mudou “Perto da matriz está tudo do mesmo jeito, a avenida Itaberaba continua estreita”, conta a aposentada Elza Nunes. “Às vezes o ônibus leva uma hora pra descer até a Lapa, já fui a pé em 40 minutos”. Logo se vê de onde vem o fôlego de dona Elza, que usa pouco o carro, passeia todas as tardes com o cachorro e brinca com as netas da vizinha Isabel Sala. “Nado duas vezes por semana na Água Branca”, conta a antiga moradora.

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Os moradores da região têm orgulho de sua história e se unem para manter as tradições do bairro, como a procissão dos romeiros de Bom Jesus sempre no segundo domingo de agosto (Dia dos Pais). Quem nasce por lá, quando forma sua própria família, continua no bairro. Com perfil de classe média, a população é composta pelas mais variadas faixas etárias.

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