Um projeto pensado para ser a casa de infância das filhas. Esse foi um dos principais pedidos dos moradores, um casal com duas filhas pequenas, feito aos arquitetos Mariana Maria Portillo e Pedro Pantoja, do escritório BRIC Arquitetura / Portillho e Pantoja Arquitetos, para seu novo lar, um apartamento de 120 m² em Ipanema.
A planta original contava com um banheiro a menos e a cozinha era bastante apertada. Com a reforma, os cômodos foram redistribuídos para dispor de três banheiros completos, uma área de serviço espaçosa – com “gatificação” e banheiro para os gatos Isaquias e Ceará – e cozinha integrada à sala. “Nosso principal objetivo em todos os projetos é alcançar amplitude e espaço de circulação livre, porque a vida acontece nos vazios. É no chão que a criança se senta para brincar, nos corredores da casa que a família dá bom dia e se abraça”, reflete Mariana.
Como este será o apartamento de infância das filhas, foram trabalhados elementos que remetem à experimentação e às formas lúdicas. “Sob a claraboia no quarto do casal, criamos um grande closet e um espaço multiuso, onde eles guardam os livros, trabalham e passam tempo de qualidade com as crianças. Também tivemos a ideia de abrir a cozinha desde o início, imaginando a família tomando café da manhã ao redor da mesa redonda integrada à sala”, conta Pedro.
Essa proposta tem continuidade no quarto das crianças, com camas montessorianas e um amplo espaço para brincadeiras. O papel de parede, chamado petit bric, foi desenhado pelos arquitetos. “Trabalhamos um quarto infantil e não infantilizado, trazendo formas lúdicas, femininas, obras de arte, acolhimento e alegria”, descreve Mariana.
A dupla trabalhou principalmente com materiais crus e cor branca, explorando as texturas e a disposição dos elementos, para criar uma identidade no projeto. Entre os destaques, os tacos que foram removidos para ampliar as áreas molhadas foram tratados um a um e recolocados nos rodapés, alternados com peças brancas, criando um padrão listrado que faz uma transição entre o piso e a parede.
Outro elemento marcante é a divisória vazada entre a sala e a cozinha, feita com tijolinhos e pintada de branco, que dá a ideia de uma parede de cobogós. Já no quarto do casal, foi preservada uma faixa da parede revestida com azulejos originais, encontrados durante a demolição.
Quanto à composição do mobiliário, foram mantidos alguns móveis do acervo dos clientes, como o sofá, a cadeira de balanço e as redes, “item essencial na casa de um cearense”, segundo o morador. Entre as novas peças, destacam-se a mesa lateral (ao lado do sofá) de Celina Zilberberg, o banco Magrini, de Sérgio Rodrigues, e a poltrona de balanço do Liceu de Artes e Ofício.
Sobre o banco em concreto branco, esculpido in loco, o vaso Jaca e Graviola, da ceramista Hanna Englund, e a escultura Inês, da ceramista Maria Alice Salgado, chamam a atenção. Nas paredes da sala, um dos destaques do projeto é a tapeçaria colorida e marcante, da Apara Studio, e, no lado oposto, a composição de seis pequenas obras estilo Naïf, do artista Chico Flores.
No quarto das crianças, a grande escultura em forma de girafa, do artista Marcos Scorzelli, se propõe a ‘amadurecer’ na decoração junto com a casa, já que poderá ser usada em outros contextos. “Todos os nossos projetos costumam ser criados como uma tela em branco para que o cliente possa encher a casa com a própria história”, finaliza Mariana.
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