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Crise: é hora de adquirir a casa própria?

O Casa.com.br consultou especialistas para ajudar você a saber o que fazer agora.

Por Por Natália Garcia
Atualizado em 14 dez 2016, 11h25 - Publicado em 16 dez 2008, 16h25

A crise financeira americana, iniciada com a inadimplência de consumidores de baixa renda que embarcaram no boom imobiliário do país e não conseguiram pagar as parcelas do financiamento, já começou a afetar alguns setores da economia brasileira. “Mas no mercado imobiliário brasileiro, por enquanto, a crise refletiu apenas nas grandes construtoras”, explica o diretor da Associação dos Mutuários e Moradores das regiões Sul e Sudeste (AMM), Thiago Antolini. Segundo ele, além do aumento de 10,95% do Índice Nacional da Construção Civil (INCC), contra 6,41% de inflação registrada no mesmo período pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a oferta de crédito dos bancos para as empresas construtoras diminuiu.

“Na tentativa de conter a recessão no setor, as construtoras procuraram diminuir o número de lançamentos para conseguir arcar com as despesas de construção e continuar sua atuação no mercado”, explica o presidente do Sindicato das Empresas de Compra Venda Locação e Administração de Imóveis (Secovi-SP), Flávio Prando. Ciente da importância da construção civil para a economia do país, o governo federal promete criar até o fim do ano um pacote de incentivo ao setor, que envolve o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Caixa Econômica Federal (CEF) e poderá chegar a R$ 4 bilhões. “Esse investimento pode voltar a aquecer o setor e impedir que o consumidor final sinta a crise”, explica o diretor da FGI Negócios Imobiliários, Feliciano Giachetta.

 

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O momento é bom para comprar meu imóvel?

Se o pagamento for à vista, os especialistas são praticamente unânimes em dizer que sim, a hora é boa para comprar a tão sonhada casa. Segundo Antolini, o único perigo real de adquirir um imóvel neste momento é um eventual atraso na entrega do imóvel por parte da construtora, se ele ainda estiver em construção. Isso porque algumas empresas andam driblando a crise como podem para honrar o cronograma estipulado aos clientes. “Mas, na prática, a crise não afeta em nada quem compra um imóvel à vista hoje”, garante Giachetta. Para Prando, a crise pode influir nas compras à vista feitas no segundo semestre de 2009. “Com o aumento do preço da construção e a falta de crédito no setor, muitas empresas resolveram diminuir o ritmo de lançamentos, ou seja, no médio prazo, a oferta pode ficar reduzida e pressionar os preços para cima”, alerta.

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Comprar imóvel como forma de investimento (para locação, por exemplo) também pode ser um bom negócio, já que o preço do aluguel tende a sofrer um novo reajuste no ano que vem (link para a matéria do aluguel). “Raramente os imóveis para locação ficam desocupados”, garante Eduardo Cortez, analista de investimento da Gradual Investimento. “Se há dois anos o preço médio do aluguel correspondia a 0,5% do imóvel, hoje não é menor do que 1%”, completa.

Já no caso da compra financiada, convém tomar algumas precauções. Mas regras para definir se o financiamento é um bom negócio continuam as mesmas, ressalta o vice-presidente do Secovi-SP, Flávio Prando. “Se o comprador tiver estabilidade em seu emprego e condições de arcar com as parcelas do financiamento, não há o que temer”, afirma. Ele lembra que as parcelas nunca devem comprometer mais do que 30% da renda mensal. Prando também recomenda que se procure financiar o menor valor possível. “Se puder, utilize o FGTS para quitar parte do imóvel e diminuir o tempo de financiamento”, aconselha.

Já para Antolini, com a crise o financiamento ficou mais arriscado. “Prova disso é a alta dos juros dos bancos”, explica. Em 2008, o Unibanco elevou as taxas de 11% para 12%, o Itaú de 9% para 12% e o Bradesco de 9% para 10,5% ao ano. Entretanto, a Caixa Econômica Federal e o HSBC afirmaram que não pretendem aumentar os juros e o Banco do Brasil e a Nossa Caixa ainda não se posicionaram. “A concorrência do setor é muito grande e acredito que a chance dos bancos que aumentaram os juros reverem esse reajuste é grande”, aposta Prando. Otimista, o diretor da FGI Negócios Imobiliários, Feliciano Giachetta, garante: “não há motivos para temer a crise, mesmo para quem for comprar imóveis de maneira financiada”.

 

O que fazer para aumentar as chances de um bom negócio?

Em primeiro lugar, pesquise se a construtora está cumprindo o cronograma de construção e se sofre algum processo por parte de compradores anteriores. Para isso, é só se dirigir ao cartório em que a empresa está registrada (a construtora deve fornecer essa informação ao cliente). Algumas construtoras têm por trás um banco financiando a obra, o que confere maior segurança ao investimento. Outras mantêm as chamadas Sociedades de Propósito Específico (SPE), pessoa jurídica criada especificamente para administrar o empreendimento. “Nesse caso, o investimento também está seguro”, garante o advogado Luis Paulo Serpa, da Pádua Serpa Advogados Associados. Segundo ele, outro formato bem comum entre as construtoras, igualmente seguro, é o patrimônio de afetação, um regime jurídico com contabilidade separada que garante o capital do empreendimento. Se esse não é o caso da construtora, vá ao cartório de registro do imóvel e peça uma matrícula atualizada do empreendimento. “A assistência de um profissional especializado em mercado imobiliário, um advogado ou consultor financeiro facilita em muito essa checagem”, garante Serpa.

“Também é preciso pensar na valorização do empreendimento”, alerta Antolini. Segundo ele, depois de pronto, o imóvel tende a aumentar seu preço em pelo menos 25% – menos do que isso é prejuízo. “Esse índice de valorização sempre consta no contrato”, explica. Da mesma forma, é importante ainda consultar o percentual vendido do empreendimento. “Quanto maior, mais seguro sempre”, garante Cortez. Uma dica: experimente o serviço de 0800 gratuito da AMM para consultas e orientações referentes à compra de imóveis. O telefone é 0800 772 9660. E já que o assunto é investimento, que tal arrematar uma casa em leilão?

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