Construir mais com menos
Ter uma casa confortável gastando pouco era o objetivo do morador -um arquiteto especialista em habitação popular
Por que esta casa é econômica: revestimentos econômicos, projeto adaptado à topografia
Projeto e obra: Frederico Zanelato
Administração: Silvia Alves dos Santos
Estrutura: Stec Projeto de elétrica: Katel
Paisagismo: Fernando Yamasaki
Colaboradores: Marcelo Miua e Fernanda Kano

As lições de economia desta construção se apóiam numa base de conhecimento sólida. Enquanto a erguia, em Mogi das Cruzes, SP, o morador fazia seu mestrado no Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT), cujo tema era a habitação popular. O arquiteto Frederico Zanelato usou no projeto de sua casa as informações obtidas no curso. Inspirado em mestres como o alemão Mies van der Rohe (1886-1969) e o brasileiro João Batista Vilanova Artigas (1915-1985), concebeu um desenho racional, de linhas geométricas puras. “O projeto bem definido e a boa administração da obra são as maiores fontes para economizar”, diz ele.
Zanelato começou a economizar partindo de cálculos estruturais bem-feitos que o ajudaram a dimensionar e posicionar adequadamente pilares, vigas e lajes. Também estudou a topografia do terreno – em aclive com uma elevação de 9 m, considerando a rua do condomínio o nível zero. Poucos cortes foram feitos no solo, já que a inclinação foi driblada pela planta em meios-níveis. As paredes da casa levaram tijolo baiano recobertos por emboço sarrafeado e caiação (opção mais em conta, que poupa massa fina e tinta). Dentro, o piso de granilite, revestimento de preço médio, acabou saindo 25% mais barato que o usual, pois o arquiteto fechou um pacote de 200 m2 para a construção toda.
O solário e os 60 m2 da suíte (com hall, closet, banheiro e escritório) estão instalados respectivamente nos dois meios-níveis acima do intermediário. Nessa parte da casa, o arquiteto permitiu “pequenos luxos evidentes”. A começar pelo deck, voltado para a mata preservada do condomínio, feito de ipê – madeira de maior durabilidade. Já no banheiro, as paredes ganharam pastilhas cerâmicas e cubas que, na época, eram uma das linhas mais caras do mercado. No quarto do casal, uma mostra do equilíbrio de gastos: o arquiteto preferiu gesso, mais refinado, para dar acabamento à parede solta atrás da cama; mas a lareira é um kit simples, comprado pronto e emoldurado com concreto.