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Chalés de madeira foram construídos com técnicas de arvorismo

Erguidos artesanalmente com técnicas de arvorismo, os dois chalés de madeira quase não incomodaram o terreno, cujos limites se apagam em meio às araucárias e montanhas de Campos do Jordão, no interior de São Paulo

Por Por Deborah Apsan (visual) e Silvia Gomez (texto) | Projeto Andre Eisenlohr/Cabana Arquitetos | Fotos Victor Affaro
Atualizado em 19 jan 2017, 15h51 - Publicado em 2 set 2014, 23h23

Os oito pilares de sustentação se mostram levemente inclinados, tal qual as árvores ao redor. Na fachada, o revestimento de taubilhas (telhas artesanais de madeira) lembra a casca envelhecida dos troncos, como se a construção quisesse passar despercebida, camuflada na floresta.

O objetivo do arquiteto paulista Andre Eisenlohr foi causar o mínimo impacto na área de 250 m2, parte de uma fazenda dedicada ao arvorismo, em Campos do Jordão, SP. “A ideia era criar duas casas de hóspedes. O próprio terreno ditou a forma”, conta Andre, que considerou uma dupla de araucárias fincada bem no meio do declive ao estudar a posição do conjunto. “Para não derrubá-las, desenhei unidades de 23 m2 cada uma, interligadas por um deck.”

Não houve movimentação de terra – suspensos, os módulos ficam protegidos da umidade e não interferem nos fluxos de água e vento. A medida também preserva a madeira, onipresente no projeto: além dos pilares de eucalipto e da taubilha no exterior, ela aparece no esqueleto de pínus reflorestado das paredes, nas vigas de garapeira, no fechamento interno de placas de OSB e no piso de ipê, reaproveitado de um galpão demolido. “É importante empregar a espécie adequada a cada função, levando em conta a resistência, o peso e a dureza de cada uma.” Veja adiante outros detalhes da obra.

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A favor da natureza

O primeiro trabalho de Andre Eisenlohr como profissional, em 2002, foi um chalé nesta mesma região serrana de São Paulo. Daí em diante, vieram outros. Seu escritório, o Cabana Arquitetos, persegue o ideal de sustentabilidade.

Por que o viés ecológico?

Na obra de estreia, entendi a importância de não movimentar a terra e conheci o eucalipto, comum  nessas redondezas. Em 2006, fiz uma casa com sistema de construção seca, o wood frame, com paredes de OSB. Desde então, prefiro esse método rápido, sempre com espécies de reflorestamento ou manejo.

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Como incorporou as técnicas de arvorismo e montanhismo?

Minha família é de Campos do Jordão, onde possui esta fazenda. Quando resolvemos transformá-la num ponto turístico voltado a esportes na natureza, pude participar da obra das estruturas para o arvorismo. Delas adaptei as plataformas, que abraçam as árvores em vez de perfurá-las com ganchos. Já para o contraventamento, normalmente feito de barras fixas, pensei: “Por que não tentar com os cabos de aço das tirolesas?” São bem eficientes para casas compactas. O curioso é que tive de montar minha própria equipe, com profissionais daquele universo. Em lugar de capacetes de obra, usamos os de alpinismo, e a cinta de carpinteiro foi substituída por cadeirinhas de escalada.

 

 

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