Casa se integra à praia por meio de venezianas criadas por técnico de cinema
Aqui, a aventura passa longe dos clichês sobre a África. Ela envolve o projeto desta casa de praia, hábil em capturar o visual estonteante e a natureza singular de uma península no vilarejo de Rooi Els
Por Por Joana L. Baracuhy, Vanessa Mcculloch (texto) e Sven Alberding/Bureaux.co.za (Visual) | Projeto Elphick Proome Architects | Fotos Warren Heath/Bureaux.co.za
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19 Jan 2017, 14h15 - Publicado em 17 Mar 2015, 22h20
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Sala, quartos, cozinha e varanda se alinham num único patamar, ideal para o lazer. Um pouco mais abaixo fica a piscina, também ladeada de um amplo deck de balau, madeira resistente ao tempo. No ponto mais alto, a construção se eleva a 3,50 m do solo. Projeto de George Elphick.
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Sobre a praia e as rochas se estende o fynbos, vegetação típica da região. No alto, a obra usa o esqueleto de aço para se acomodar à duna. Projeto de George Elphick.
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Na entrada, uma das folhas ripadas faz as vezes de porta social e leva à sala de estar. A transparência é total. Repare na elevação e no lanternim da cobertura, que deixam avistar as montanhas próximas, na face oposta, ao sul. Projeto de George Elphick.
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Na cozinha, tomadas e interruptores se escondem atrás dos armários de freixo. A mesma madeira, colada e moldada como se faz com o casco de embarcações, aparece no forro. Projeto de George Elphick.
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Pilares, vigas e demais elementos da estrutura exibem um verde-acinzentado que deriva do fynbos, mata nativa do lugar. Projeto de George Elphick.
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Para unir ou separar a sala das quatro suítes, basta mover as divisórias corrediças de aço inox e freixo, com uma faixa envidraçada no alto, pelos trilhos de alumínio. Projeto de George Elphick.
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Para resistir à maresia, a armação, que emprega peças tubulares e outras em forma de L, recebeu uma técnica de galvanização e coating (pintura) inédita na África do Sul. Projeto de George Elphick.
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Na frente da morada, aguarda-se que a vegetação de fynbos cresça e se espalhe até encobrir a base das robustas placas cimentícias. Projeto de George Elphick.
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Quando venta ou faz frio, o pátio se torna um agradável refúgio. Aqui fica a churrasqueira usada para fazer o braai, típico grelhado sul-africano – Rooi Els é famosa pelo lagostim. Projeto de George Elphick.
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Portas de vidro do tipo camarão correm independentemente das venezianas e barram os fortes ventos (não à toa, a região ganhou o apelido Cabo das Tempestades). Em dias quentes, as aberturas proporcionam ventilação cruzada. Projeto de George Elphick.
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Com as portas de vidro recolhidas, não restam obstáculos entre a cama e o oceano. Projeto de George Elphick.
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Graças à automação, luzes e equipamentos do banheiro (menos a descarga) são acionados por meio de um teclado. A hidráulica passa pelas raras paredes de concreto, junto aos pilares metálicos, sob os decks e o piso de cimento polido. Projeto de George Elphick.
Natureza é assunto sério em Rooi Els, comunidade na Baía Falsa, a cerca de 70 km da Cidade do Cabo. Verdade que esse litoral da África do Sul se tornou famoso pela dramática beleza da paisagem, mas, especificamente na cidadezinha localizada entre o mar, um parque ecológico e uma cenográfica cadeia de montanhas, o tema orienta a vida das pessoas. Ali, moradores e frequentadores se esmeram em conservar a riqueza da fauna e das flores nativas (dizem que, na reserva vizinha de Kogelberg, a diversidade de espécies supera a da floresta tropical) e aproveitam os ventos constantes e a ondulação perfeita para o surfe, além de se fartar de pescado.
Por isso, quando o futuro proprietário desta casa se reuniu pela primeira vez com o amigo e arquiteto George Elphick, tratou de descrever a relaxada atmosfera do lugar, que desejava ver traduzida numa construção com o mesmo espírito. À conversa inicial se seguiram quatro anos de detalhamento e obra, período em que o refúgio assumiu contornos definidos e materiais sólidos e se despiu do que parecia desnecessário num local em que o entorno já oferecia quase tudo. Assim surgiram a estrutura de aço, fincada no solo arenoso; a cobertura curva como uma banana, que permite avistar a cordilheira; e as divisórias de vidro nas quatro faces. Para um resultado ainda maisplácido (o dono viveu no Japão, de onde trouxe o gosto pelos tatames e painéis de papel), os interiores ganharam enormes portas de correr e muita madeira, que se expande rumo ao exterior por meio dos amplos decks.
O toque final coube às engenhosas venezianas motorizadas. Quando abertas, elas basculam 90 graus para dar acesso à vista e filtrar o sol, enquanto, abaixadas e trancadas, oferecem segurança. Motivo de orgulho, a solução envolveu o trabalho de um especialista em mecanismos para cinema e arrematou o pedido do cliente, interessado em acompanhar de perto os ciclos da luz e dos ventos, o passar dos dias e das estações. Do terraço com os amigos ou mesmo da cama, agora ele contempla todas as situações: o pôr do sol na serra, a chegada das baleias-francas e a ininterrupta arrebentação.
Jogos de cena
A planta flexível permite usar a casa de diferentes maneiras. Nos ambientes principais, a paisagem marítima e o controle do clima são garantidos pelo fechamento com vidro e venezianas.
– Vista, luz e brisa: voltada para o norte, a construção e a piscina apanham bastante sol. O largo panorama do mar também está logo à frente.
– Base útil: embaixo se concentram os espaços de apoio, tais como áreas técnicas, adega, sauna e sala de ginástica.
Área: 536 m²; Equipe de projeto: George Elphick, Joneta Rockey, Eugene Cox, Mahomed Vawda e Mark Laurens; Esquadrias Motorizadas: Apocalypse Mechanical Monsters.