Casa portuguesa do século 19 é reformada e vira espaço contemporâneo
O arquiteto buscou na pop art e na ficção científica recursos para fazer a casa flertar com a arte. Cores fortes e recortes divertidos são apenas algumas das surpresas.
Por Reportagem Patricia Jota (texto) | Design Renata Rise | Fotos FG + SG - Fotografa de Arquitectura | Ilustrações Campoy Estúdio
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20 Dec 2016, 23h45 - Publicado em 6 Jul 2012, 20h38
“Engraçado” não signifca a mesma coisa para brasileiros e portugueses. Do lado de lá do Atlântico, quer dizer gracioso, bonito. É exatamente assim esta casa na pacata Torres Vedras, nos arredores de Lisboa, pontuada de cores vivas e instalações com ar futurista – mas isso só descobre quem nela entra. Um dos primeiros ambientes à vista, a biblioteca, montada com MDF laqueado, remete a um cenário teatral. “A intenção é contrastar a nova linguagem com o espaço existente, respeitando-o, mas conseguindo ser lúdico e usar novas peças para alterar os usos da moradia”, explica o arquiteto Pedro Gadanho. O ferte com a arte tem suas razões: ele também é curador de Arquitetura Contemporânea do MoMA, de Nova York.
Saiba mais sobre o projeto
Na reforma, o arquiteto Pedro Gadanho recorreu a referências que permeiam sua eclética trajetória profssional. Buscou elementos tanto na fcção científca dos anos 60 e 70 (uma desuas paixões na adolescência), que se revela no design do banheiro-cápsula, quanto em modelos que representam hábitos antigos – caso da releitura da namoradeira junto à janela, peça comum em construções medievais e renascentistas. A recorrência a cores exuberantes também se justifca. Ele procurou fugir das regras da arquitetura minimalista, em que dominam branco, cinza e preto – para tanto, usou objetos que apenas pela cor têm certo impacto no que chama de “percepção psicológica” do espaço.
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1/15 (FG + SG - Fotografa de Arquitectura)
Escritório e biblioteca ficam dentro de uma caixa verde nesta casa portuguesa
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2/15 (FG + SG - Fotografa de Arquitectura)
Cores fortes impactam na percepção psicológica do espaço, segundo o arquiteto Pedro Gadanho
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3/15 (David Ferram)
Tido como uma voz livre na arquitetura portuguesa, Pedro Gadanho atua em terrenos diversos. Já fez documentários e trabalhou como editor e professor universitário. Seus projetosevidenciam a cor e as formas geométricas.
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Dotada de um lance a mais para unir o primeiro piso ao andar de cima (o antigo sótão), a escada ganhou um desenho mais escultural. Essa foi a alteração mais radical do projeto.
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5/15 (FG + SG - Fotografa de Arquitectura)
Algumas alterações se inserem teatralmente nos espaços, como a cabine vermelha no fnal do corredor – uma namoradeira moderna que surgiu como solução para dar acesso à janela no alto, mas virou um canto de leitura e um espaço disputado pelas crianças que frequentam a casa.
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6/15 (FG + SG - Fotografa de Arquitectura)
O canto de leitura tem uma entrada com a biblioteca
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Em contraste com as paredes brancas, a escada azul-bebê, o lavabo roxo e a torre amareloovo do elevador de cargas (peça solicitada pela moradora, que vive viajando) chamam a atenção pelo color blocking – termo conhecido no mundo fashion para designar a aplicação massiva de cor. Metálicas, essas estruturas foram laqueadas.
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8/15 (Campoy Estúdio)
Todas as intervenções nesta tradicional construção do século 19 foram discutidas em conjunto entre o arquiteto Pedro Gadanho, a dona da casa (uma profssional da área de design contemporâneo) e seus dois flhos adolescentes. O projeto reserva a ala esquerda do primeiro pavimento aos quartos dos meninos e ao escritório-biblioteca; na direita fcam a cozinha, as salas de estar e de jantar e o pátio externo com piscina. O segundo pavimento, antigo sótão, foi totamente remodelado para abrigar o universo exclusivo da mãe: quartos,closet e um lindo terraço coberto, com vista para a piscina. o que faz a diferença nessa organização são os detalhes de cada ambiente, que remetem a alguns movimentos do mundo da arte e da arquitetura.
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9/15 (FG + SG - Fotografa de Arquitectura)
Uma das peças mais inusitadas fca no quarto dos flhos: o banheiro-cápsula, que dialoga com a pop art. “É lúdico e funcional. Há muita referência cultural ali que vem do trabalho de Claes Oldenburg e Damien Hirst”, conta o arquiteto, Pedro Gadanho referindo-se ao escultor sueco e ao artista britânico. Já o armário verde-limão é uma homenagem à Casa da Música, concebida pelo holandês Rem Koolhaas.
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10/15 (FG + SG - Fotografa de Arquitectura)
O banheiro se conecta ao lavatório no corredor.
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11/15 (FG + SG - Fotografa de Arquitectura)
Na cozinha, a cor rosa sugere o lado feminino da casa. o mobiliário é de MDF e as bancadas brancas, de Corian (DuPont). Já para o piso escolheu-se granilite, em padronagem tradicional. A porta e a imensa janela toda envidraçada garantem muita luminosidade e reforçam a ligação com o pátio, onde se situa a piscina.
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12/15 (FG + SG - Fotografa de Arquitectura)
Os ambientes do antigo sótão – quarto da mãe, closet, quarto de hóspedes, banheiro e deck – conferem novas funções para um piso antes sem uso.
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13/15 (FG + SG - Fotografa de Arquitectura)
As intervenções multifacetadas, montadas com drywall, compõem espaços acolhedores, com luz indireta e paredes de vidro unifcadas por um caixilho de alumínio antracite para dar a sensação de unidade entre o interior e o exterior.
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14/15 (FG + SG - Fotografa de Arquitectura)
Na área externa, a piscina e o deck são novidades inseridas pelo projeto de reforma.
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15/15 (FG + SG - Fotografa de Arquitectura)
Somente a escada espiral foi reaproveitada de uma estrutura preexistente – recebeu acabamento de chapa metálica.