Casa medieval na Itália entre oliveiras, muralhas e boa comida
Nossa fotógrafa registrou as férias da família numa construção medieval renovada entre oliveiras, muralhas e muita comida boa














Para a paulistana Cacá Bratke, visitar a Itália tem sempre um gostinho especial. Mas nada de percorrer cartões postais repletos de turistas. Casada com um nativo da Campanha, ela já conhecia muito bem a nação da pizza, das lambretas e das águas profundamente azuis do Mediterrâneo. Ainda faltava, porém, uma experiência autêntica, com boas pitadas de história. E, com o casal de filhos pequenos, precisava encontrar um meio de usufruir as belezas daquela terra garantindo boas porções de diversão infantil.

Uma alternativa aparentemente inusitada para as férias surgiu numa conversa com dois casais de amigos, cada qual com duas crianças também. A curiosidade específica de um deles pelos vinhos primitivos da Apúlia (ou Puglia, no idioma original), o lugar identificado popularmente no mapa como o “salto da bota”, levou-os a pesquisar e encontrar a masseria reformada pelo arquiteto Cosimo Mino D’Astore quatro anos antes.

Típico dessa península no sudeste do país, o termo designa as antigas fortificações agrícolas. Atualmente, um bom número delas vem sendo recuperado e convertido em hotéis de charme ou restaurantes. Mais ou menos o que ocorreu na construção que acolheu o grupo ítalo-brasileiro por uma semana durante o verão europeu de 2013: ela passou por um restauro para servir à hospedagem e é superpreparada para aventuras culinárias.

Localizada a cinco minutos da pequena cidade de Mesagne, a propriedade erguida em 1500 amargou meio século de abandono até ser comprada por um casal que vive nos Estados Unidos, um americano e uma italiana das redondezas. Após extensa empreitada (foram dois anos de obra), a base medieval e os acréscimos mouriscos e neoclássicos sobressaíram, e a casa, enfim, teve seu frescor renovado.

Planejando alugá-la por temporada, os donos capricharam nos interiores e mesclaram a solidez de outros tempos a comodidades de agora: sistema de som embutido e ar-condicionado, além de serviço de camareiras e chef (que prepara a domicílio pratos da famosa cucina povera, feita com o que existe à mão). Toda sorte de vegetais, frutos do mar e queijos, especialidades da região situada entre o mar e a montanha, está disponível em mercadinhos próximos.

Foi justamente esse conjunto raro de beleza e conforto, somado aos sabores locais, que cativou as três famílias de visitantes e inspirou a colaboradora de ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO a fazer este registro fotográfico tão pessoal. As imagens da reportagem traduzem um pouco de sua mais recente incursão em solo italiano, bem italiano.


1) A fim de acomodar os senhores de terras, dois quartos, um banheiro e uma sala surgiram nos anos 1700. O terraço anexo oferece uma vista esplendorosa do campo. 2) O novo proprietário, nadador convicto, encomendou a raia de 25 m, composta de pedras locais e equipada com iluminação. 3) Datado de 1500, este é o trecho mais velho da Villa Pizzorusso, assim como o que se localiza no canto do terreno, com mais dois quartos. 4) Entre laranjeiras e limoeiros, ainda restam de pé alguma santigas colunas romanas.