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Casa enfatiza técnicas artesanais e projeto de paisagismo

Não se engane com o desenho contemporâneo desta casa no interior do Paraná – seus traços valorizam técnicas construtivas de antigamente, que resistem à passagem do tempo

Por Por Rosele Martins (texto) Projeto Guilherme Torres | Fotos Denilson Machado/MCA Estúdio
Atualizado em 14 dez 2016, 11h32 - Publicado em 10 jan 2015, 16h44

Quem olha o visual hype do arquiteto Guilherme Torres, com sua roupa descolada e muitas tatuagens, não imagina que o paranaense de 41 anos tem, sim, um pé no passado. Bem fincado, aliás. “Enquanto muita gente tira proveito da alta tecnologia, vou contra a corrente. Gosto do low-tech, do fazer artesanal”, diz. Não que as facilidades contemporâneas deixem de seduzi-lo – embora ainda curta iniciar os projetos à mão, recorre ao computador para finalizá-los. Mas seu grande diferencial está em valorizar essas propostas com técnicas usadas desde os tempos em que hype era vestir chapéu e paletó como faziam nossos avôs. “Adoro paredes de concreto aparente com a marca das fôrmas ou aquele reboco apenas sarrafeado, superfícies que evidenciam a beleza natural dos materiais e exigem mão de obra minuciosa”, fala.

Aqui não foi diferente. Procurado por um casal com três filhas, planejou a construção de roupagem atual e linhas puras. “Proponho volumes que qualquer criança seja capaz de rabiscar. Acredito na simplicidade”, aponta Guilherme, que aprendeu a desenhar copiando exaustivamente plantas publicadas em ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO nos anos 80. “Colocava papel vegetal por cima e treinava”, recorda. Quando chegou à faculdade, cursada em Londrina, PR, conheceu de perto prédios de João Batista Vilanova Artigas (1915-1985) espalhados pela cidade e afinou o olhar. “A imersão na arquitetura moderna desenvolveu meu gosto pela leveza”, conta. Se os traços são elementares, dar forma a eles, porém, demanda capricho e perfeccionismo, tarefa à qual se dedicou o proprietário desta casa de 1016 m² em Maringá, PR, dono de uma construtora e responsável por tocar a obra.

A familiaridade do morador com o segmento, inclusive, facilitou a compreensão do projeto, segundo o arquiteto. “A conversa esclareceu bem as necessidades da família. Abri espaço para as meninas receberem muitos amigos e criei ambientes que, embora se comuniquem, oferecem privacidade aos diferentes grupos.” Outro cuidado foi com a configuração versátil – enquanto um dia quente sugere escancarar as portas de vidro entre a sala e a área ao ar livre, as épocas de temperaturas amenas convidam ao trecho coberto sem que se perca a integração visual com a piscina, envolta na grande praça de onde emergem palmeiras escolhidas pelo arquiteto paisagista Alex Hanazaki. “Trabalhamos juntos desde a encomenda do projeto. Nesse tipo de arquitetura, construção e paisagismo são indissociáveis”, afirma Alex. Seu parceiro de empreitada concorda: “A escala das plantas impacta a volumetria. Acho fundamental ter árvores mais altas do que a casa e, assim, evidenciar que a natureza sempre será soberana”.

Além da vegetação, importam a Guilherme as sensações oferecidas pelos percursos tanto internos quanto externos. Daí a caixa de madeira permeada de luz que recebe quem entra e os vazios nos quais ele enxerga grande dose de poesia. “Sou um romântico”, justifica.

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CIRCULAÇÕES INDEPENDENTES

Os ambientes se distribuem em blocos que formam um U e abraçam o deck. Embora estejam interligados, eles mantêm certa autonomia – pode-se subir da garagem ou da cozinha diretamente aos quartos, sem passar pela sala

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PAREDE RESGUARDA A PRIVACIDADE

O formato da casa permitiria a quem passa na rua avistar quase todo o térreo enquanto a porta principal estivesse aberta. Esta divisória de mármore que forma uma espécie de biombo, resolveu a questão.

Área: 1016 m²; Equipe de Arquitetura: Celso Oshiro e Jean Oliveira (coautores); Construção: Alexandre Nicolau; Estrutura: Zocco Projetos Estruturais; Iluminação: Vialight; Paisagismo: Alex Hanazaki; Interiores: Estudio Guilherme Torres

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