Casa em Brasília com fachada de vidro valoriza o concreto
O dia a dia dos moradores transparece pela fachada envidraçada desta casa em Brasília, tão ampla e aberta como o horizonte do Planalto Central.
É certo que às 17h45 os moradores desta casa de 411 m² em Brasília sobem a única escada até a cobertura para dedicar alguns minutos à pura contemplação. Se não todos os dias, pelo menos nos fins de semana o momento é compartilhado pelo casal de advogados Gustavo e Luciana. “Exatamente nesse horário, o sol deixa de incomodar os olhos e você consegue vê-lo bem grande, se pondo na altura da Esplanada dos Ministérios”, relata ele.
A companhia dessa paisagem é um dos privilégios deste projeto de feições modernas, assinado pelo escritório Domo Arquitetos. O outro é a luz. Natural e farta, ela entra por onde prefere, muitas vezes sem cerimônia, outras um pouco contida por elementos arquitetônicos dispostos de forma estratégica. Mas é sempre bem-vinda, claro. “A fachada principal, voltada para a rua, é face norte e recebe muito sol. Por isso, ganhou um beiral grande, de 3,50 m. Já a dos fundos, menos exposta, tratamos de outra forma”, explica Matheus Seco, arquiteto-sócio do estúdio brasiliense. A forma? Um diagrama transparente composto de blocos fechados com vidro temperado. De fora, como numa casa de bonecas, podemos ver exatamente a divisão dos espaços. “Ficam evidentes as principais funções da casa: quartos, escada, cozinha…” No térreo, circulação e áreas sociais se mostram abertas. São vãos grandes, nascidos sob lajes de concreto pré-moldado, solução que baixou bastante o preço da obra. “Trabalhamos com um custo máximo e conseguimos manter o m² em torno de R$ 1500, abaixo da média de Brasília, que ultrapassa R$ 2000”, revela Matheus. Por essa mesma razão, os acabamentos foram assumidos em seu aspecto mais bruto. Há novamente o concreto aparente da estrutura, simplesmente polido, exposto em vigas e pilares e no piso – na verdade, o contrapiso – dos ambientes internos. Há o granito das áreas externas e ainda o chapisco evidente dos paredões laterais. “Nesse caso, dá até para ver as camadas de aplicação do cimento”, observa o arquiteto.
A esses materiais de manutenção facílima e visual neutro, se contrapõe o apelo quente do forro de madeira atravessando toda a morada, mesmo no beiral. “Sim, os espaços são amplos, mas o resultado é aconchegante. Para mim, é um conforto poder enxergar cada canto e também ter a visão da rua”, analisa o proprietário. Ah, a rua. Diferentemente do usual, o casal quis dividir a construção com ela, cedendo parte do terreno para a calçada e recusando muros ou cercas. “Gosto da ideia de a casa ser uma continuação da cidade”, diz Gustavo. Da cidade veio ainda o desejo pelos pilotis, presentes em várias construções de Brasília. “Talvez por termos crescido aqui, esse elemento faz parte do nosso imaginário.” Os arquitetos toparam, mas não desperdiçaram o vão livre. A garagem, por exemplo, funciona como uma extensão da sala de estar.
Nos dias de festa, saem os carros e abrem-se as portas pivotantes. Tudo então vira uma coisa só, as visitas circulam, apreciam a vista de todos os lados. Às 17h45, são convidadas a subir ao terraço, o sol está se pondo. “Empurro todo mundo lá para cima. Nesta época do ano, que é seca, você vê uma incrível bola laranja.”
Distribuição em módulos
Projeto revela uma planta modular, cujos ambientes, abertos ou integrados, se distribuem entre os vãos, que têm entre 3,50 e 5 m de largura.
Área: 411 m²; Construção: Bayma Brasil Construtora; Estrutura de concreto: Maismix Concreto; Iluminação: Domo Arquitetos e Lampen