Casa econômica num esguio lote urbano
Realidade aumentada: para se adequar ao orçamento de um jovem casal, a moradia construída numa ruazinha em São Paulo precisava caber num lote compacto, de 6 x 24 m. A solução foi articular os espaços em torno de um vazio central, cortado por escadas elegantes que ligam os vários patamares.
Anderson Freitas e Juliana de Araújo Antunes, dois arquitetos de São Paulo, dispunham de dinheiro contado quando saíram às ruas em busca de uma casinha velha para comprar, reformar e se instalar. Era 2007, e essa parecia ser uma boa ideia para o casal, que planejava trocar o apartamento no coração da cidade por algo mais tranquilo, com acesso fácil ao trabalho e bem servido de comércio e serviços. Numa dessas andanças, encontraram um lote estreito num bairro da zona oeste da capital, onde sobradinhos geminados lentamente dão lugar a construções mais contemporâneas. Um leigo não veria naquele pedaço de terra exíguo, de 6 x 24 m, uma oportunidade. Mas os dois logo perceberam que ali caberia uma moradia confortável.
O bom preço do imóvel era condição primordial, mas não suficiente. A construção precisava ser supereconômica. Por isso, durante um ano, os arquitetos somaram ideias (eles trabalham juntos eventualmente) para o projeto. Fizemos um pacto de viver sem excessos, diz Anderson, referindo-se ao resultado com quartos compactos, sem lavabo nem garagem. Para reduzir custos, a obra se faria com pouca movimentação de terra, blocos comuns e lajes aparentes. Nada de detalhes trabalhosos. A dupla optou por contratar um empreiteiro (e não uma construtora, mais cara) e acompanhar diariamente a obra: ora um, ora outro, quando não o estagiário deles. Gastos sob controle, plano realizado, eles se mudaram em 2008 para a casa, que custou surpreendentes R$ 1 000 por m², na época.