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Casa acomoda-se em desfiladeiro para obter a melhor vista do mar

Debruçada sobre o Mediterrâneo, em Alicante, Espanha, esta casa é uma resposta ao terreno, um despenhadeiro, à vista paradisíaca e à cultura arquitetônica dos moradores

Por Por Denise Gustavsen (texto) | Projeto Fran Silvestre Arquitectos | Fotos Diego Opazo
Atualizado em 19 jan 2017, 14h05 - Publicado em 13 jun 2013, 19h36
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Apaixonados por arquitetura e donos de uma porção de terra no cume de um morro com vista espetacular para o mar, uma advogada e um tabelião acalentavam um só desejo para sua casa de praia: identidade única. Há cenário mais pródigo para um arquiteto criar? Os espanhóis Fran Silvestre e Maria José Sáez souberam tirar proveito dessa oportunidade e venceram a escarpa com maestria ao desenhar um refúgio incrustado nas rochas com a delicadeza de uma dobradura de papel. A maior virtude da dupla de profissionais foi conceber um projeto imaculado, que avança corajosamente sobre o penhasco sem perder a leveza por nenhum centímetro sequer e, mais importante que tudo, sem desrespeitar a paisagem. “Preservar a natureza era uma das nossas maiores preocupações”, diz Fran. “Consideramos a topografa, a vegetação, o clima e a luz para desenvolver a construção.” Quando subiram no terreno pela primeira vez, os arquitetos simplesmente perceberam que tinham de acatar a forte vocação do lugar. “Lá em cima, dava vontade de ficar à sombra, apenas mirando o Mediterrâneo”, lembra ele. A sensação, intensa demais para ser sublimada, levou os dois a explorar o relevo bruto e pensar na proposta como uma inequívoca expressão da personalidade do casal. Minimalista ao extremo, o desenho se propôs a responder essencialmente a tais demandas e parâmetros subjetivos. Durante todo o tempo, os moradores acompanharam a obra, desde a evolução dos croquis até a casa emergir das pedras como uma planta que brota do chão. A piscina, um ponto azul em meio ao branco absoluto da morada, une-se ao céu e à praia do mesmo matiz. Nessa residência espanhola, onde a sofisticação vem da simplicidade, o mundo é perfeito.

 

 

Segredos desta obra

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Arredio, o terreno foi domado com um projeto bem executado. Quase não se mexeu na terra para o volume monolítico erguer-se imponente, 100 m acima do nível do mar. Abaixo, três momentos cruciais da empreitada:

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Área: 262 m²; Construção: Vicente Ramos, Esperanza Corrales, Javier Delgado; Estrutura: David Gallardo/UPV; Design de interiores: Alfaro Hofmann

 

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1. Enterrada no alto: para firmar a casa no terreno, utilizou-se uma profunda fundação de sapata corrida: 10 m abaixo do solo, um bloco de concreto ancora os dois paredões de concreto armado em forma de L, que se erguem mais de 10 m acima do lote e estruturam a caixa suspensa que dá forma à casa.

2. Armação intricada: a execução do sistema monolítico tridimensional de concreto armado, feito no próprio canteiro, exigiu o uso de uma resistente malha de metal que apoiou as fôrmas de madeira da laje até a cura do material. Além de trazer mais economia, esse tipo de concreto ajudou a agilizar a obra.

3.- Movimento livre: com 18 m de largura e 8 m de comprimento, a parte em balanço da laje projeta-se no ar, num voo 10 m acima do pedaço mais próximo do solo. Toda a estrutura de concreto foi finalizada com estuque, um tipo de argamassa pintada de cal branco, acabamento que reforçou a unidade do bloco.

 

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