Caixa de surpresas
Por fora, a casa parece um cubo escuro, quase invisível no meio da paisagem. E essa era mesmo a intenção do arquiteto Léo Romano, que planejou espaços internos impactantes e cheios de cor e alegria.
O visitante de primeira viagem passeia pelas ruas de um condomínio ecológico de Goiânia, onde seriemas, veados e até capivaras vivem em total liberdade. De repente, em meio ao verde reinante, depara-se com uma construção hipercontemporânea de linhas retas e de cor absolutamente inesperada.
Em seguida, passa por uma passarela, entra na moradia e… surpresa!: está diante de uma sala luminosa e cheia de objetos coloridos de quase 100 m², com 5 m de pé-direito. Nela, a mesa de centro é a tampa de vidro de um vão, de onde podemos olhar o que se passa na sala de jantar e na cozinha, que ficam 3 m abaixo. Neste espaço amplo, dedicado a festas e muita alegria, tudo se comunica entre si. Esta é a morada do arquiteto, artista plástico e designer goiano Léo Romano. Em outros cinco ambientes, profissionais mostram como temperar a decoração com objetos, enfeites, tapetes e almofadas
Misturas ousadas dão o tom
As formações acadêmicas de Léo Romano têm grande influência em seu trabalho. Primeiro, ele se formou em artes plásticas e continua ligado ao movimento de arte contemporânea. Não me imagino fazendo uma casa renascentista ou neoclássica em pleno cerrado goiano, diz. Prefere ousar e mesclar elementos, uma característica marcante dos tempos atuais, assimilada durante sua segunda formação, a de arquiteto. Aprecio as misturas irreverentes, especialmente na decoração. Um leão de pelúcia pode conviver com uma obra de arte, por que não? Mas, em sua casa, se percebe ainda uma terceira influência: suas ligações afetivas. Lá estão os presentes dos amigos e as fotos gigantes dos pais. Aprendi a amar a casa em todas as suas dimensões com minha mãe. Ela coleciona revistas de decoração desde quando eu era menino.
Sem medo de experimentar
Para Léo Romano, a casa deve ser um espaço para testar novas possibilidades, o tempo todo. Uma poltrona ou mesa podem sempre mudar de lugar. Em busca de inspiração e para atualizar suas referências, o arquiteto costuma viajar muito. Mas ele adverte: A experimentação, é claro, também inclui riscos. No entanto, quando se está aberto para inovar, os acertos chegam naturalmente, afirma Léo. Podemos, sim, perder o medo de novas experiências, se abrir para conceitos mais amplos, expandir o olhar e ter uma casa mais ousada, contemporânea e irreverente. Palavra de arquiteto, palavra de decorador, palavra de artista plástico.