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Barulho em apartamento: como reduzir com soluções de arquitetura

Janelas acústicas, pisos especiais, forros de gesso, acessórios nas portas e até tintas. Esses componentes podem fazer seu apartamento ficar mais silencioso

Por Reportagem Edson G. Medeiros (visual) e Lara Muniz (texto) | Design Manoel Vitorino Jr. | Ilustração Marcio Levyman
Atualizado em 20 dez 2016, 16h24 - Publicado em 10 Maio 2012, 21h58
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As principais queixas

 

Quem vive em apartamento sabe: o elevador não é tão silencioso aos em nome do conforto, controle o ouvidos de quem mora no último andar, ao lado da casa de máquinas. Se o endereço fca pertinho de uma avenida de grande movimento, com ônibus passando a toda hora, conseguir silêncio também se torna um desafo e tanto. Ambas as situações podem aparecer no mesmo prédio, sem que um vizinho faça ideia do problema do outro. Isso acontece porque o sofrimento, embora comum, tem origens e soluções diferentes. “Basicamente, existem dois tipos de ruído. O aéreo, como o nome diz, se propaga pelo ar, como música alta ou som de avião passando. O de impacto, mais complexo, é transmitido pela estrutura do edifício, como acontece com passos no andar de cima e marteladas na parede. O segundo tipo é bem mais difícil de solucionar”, explica o arquiteto Lineu Passeri, de São Paulo. Identifcar a fonte do incômodo é essencial para descobrir a forma mais adequada de minimizá-lo. Campeão de reclamações, o barulho originado do impacto só some por completo se evitado durante a construção. “A acústica pagou um preço alto pela redução do custo da construção civil. As empreiteiras economizam nessa etapa e os inconvenientes aparecem com cada vez mais frequência”, observa o engenheiro Davi Akkerman, presidente da Associação Brasileira para a Qualidade Acústica (ProAcústica), sediada em São Paulo. “Em qualquer caso, uma das medidas mais efcazes é conversar amigavelmente com o vizinho antes que o problema vire uma guerra. Acompanhei o caso de uma senhora incomodada com o salto alto da vizinha de cima, que alugava o apartamento e não podia trocar o piso. Ela resolveu a questão dando pantufas de presente a ela. Hoje as duas são boas amigas”, ilustra. Merecem atenção especial as fontes de ruído que combinam os dois tipos, como o som vindo de uma bateria ou de uma britadeira, por exemplo.

Norma traz boas-novas

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A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) prevê valores adequados de ruídos para diferentes tipos de construção, de acordo com o uso. Em residências, os limites máximos suportáveis variam entre 35 e 45 decibéis (dormitórios) e entre 40 e 50 decibéis (salas de estar). Isso equivale ao som de uma conversa normal ou de trânsito leve. Em vigor desde o mês passado, a nbr 15 575 se refere a questões como acústica arquitetônica e seu desempenho em edifcações, orientando critérios mínimos para materiais e técnicas – de pisos, paredes e esquadrias até o fuxo de líquidos em tubulações e as vibrações de máquinas e motores. a partir de agora, as construtoras terão parâmetros para cumprir, o que promete reduzir problemas.

Boa vedação resolve o ruído aéreo

 

Aeronaves passando e música alta – barulhos que se atenuam ao fecharmos a janela são dos mais simples de calar. “Uma boa vedação costuma solucionar os problemas. Se o ar não tem por onde passar, o ruído não entra”, exemplifca o arquiteto Lineu Passeri. Por isso, invista em janelas efcientes. Modelos com vedação caprichada freiam cerca de 30 decibéis, o equivalente a um tijolo de cerâmica comum. Vidros duplos insulados, que possuem uma camada de ar entre as folhas, também reduzem signifcativamente a passagem de som. “É preciso lembrar, entretanto, que isso pode prejudicar a ventilação”, alerta Mitsuo Yoshimoto, pesquisador do laboratório de conforto ambiental e sustentabilidade dos edifícios do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT). Veja, abaixo, aliados nessa batalha.

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Janelas acústicas

 

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1. Janela de correr com vidro insulado. Para não descaracterizar a fachada, os prédios autorizam apenas acrescentar esquadrias internamente. Da Atenua Som, a partir de R$ 1 500 o m².

2. Porta com veneziana integrada. Poliuretano expandido preenche os perfs das folhas da porta de alumínio, que ganha proteção contra a entrada de ruídos quando a folha está estendida. Da Sasazaki, por R$ 2 970.

3. Janela tipo basculante. Permite melhor fechamento que os outros modelos, pois é selada com escova de vedação. Este, da Claris, aceita vidros duplos. A partir de R$ 460.

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Portas reforçadas

 

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Quando o barulho que incomoda está dentro do próprio apartamento, uma saída é trocar portas ocas por modelos de madeira maciça. se nem assim você encontrar o silêncio, utilize uma folha de mdf para ampliar a espessura da porta. “Coloque calços de borracha junto ao batente, que vão atuar como elemento extra de vedação”, ensina Lineu passeri. Verifque se as dobradiças existentes dão conta do novo peso ou se precisarão de reforço.

Contra impacto, medidas funcionais

 

Atenuar diretamente na fonte é a solução mais efcaz para minimizar os efeitos do ruído de impacto – absorvido antes de chegar à estrutura, ele tem seu potencial reduzido. Colocada dessa forma, a solução parece simples, mas pode causar muito estresse. “Se você sofre com o barulho de passos, quem precisa trocar o piso é o vizinho de cima”, observa Davi Akkerman.

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A opção, caso as partes concordem, deve se voltar para matérias-primas que absorvem o som, como revestimentos macios ou que contam com mantas acústicas na base. Criar um forro bem vedado no próprio teto ajuda, mas não apresenta a mesma efcácia. Já contra barulhos no mesmo andar, reforçar a parede (com drywall, por exemplo) funciona. “Todas as medidas implicam perda de área útil do imóvel, o que desanima alguns proprietários a implantálas”, conta Lineu. Ruídos estruturais, como o do elevador ou o da bomba de água do prédio, pedem decisões mais incisivas, que misturam isolamento acústico com soluções antivibração para que o impacto na estrutura seja o menor possível. Ao lado, veja alguns recursos para minimizar o desconforto derivado do impacto.

Pisos mais silenciosos

 

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Piso suspenso. Com pouco contato com o contrapiso, o ruído baixa. Pede ajuda especializada para não haver risco de sobrecarga estrutural. Da Remaster, por R$ 150 o m², sem frete e instalação.

 

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1. Piso vinílico. Macio, é uma das melhores opções para amenizar o som. Este é da Tarkett Fademac, por R$ 50 o m² sem instalação. 2. Piso laminado. Mantas acústicas isolam o contrapiso e o barulho. O da Durafoor custa em média R$ 85 o m² instalado.

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Drywall. Paredes engrossadas com o material chegam a barrar até 30 decibéis. No teto, a vedação precisa ser rígida – até mesmo spots de luz podem deixar passar barulho. Da Placo, preço sob consulta.

Que medidas posso adotar para reduzir ruídos

 

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Um home theater com recursos de cinema, que tornam os flmes ainda mais atrativos, é o sonho de consumo de muita gente. “Não se trata de solucionar problemas, mas de investir em melhorias na qualidade do som, trabalho complexo e com muitas variáveis”, detalha o arquiteto Lineu Passeri. Os cuidados com esse tipo de projeto, muito procurado também por quem quer montar um estúdio, devem levar em conta o formato da sala, passando pelo tipo de som que se pretende ouvir no ambiente e terminando no volume com que o proprietário quer lidar. No balanço fnal, os vizinhos também se benefciam do silêncio. “A sala ideal precisa amortecer a reverberação do som. Nas paredes laterais e especialmente nos fundos, podem ser aplicados painéis especiais, que são placas acolchoadas com tecido ou feitas de madeira ranhurada com material acústico na cavidade”, explica o engenheiro acústico Moyses Zindeluk, do Rio de Janeiro. Investir num projeto desse porte exige consultoria especializada e fôlego fnanceiro – o m pronto custa entre R$ 200 e R$ 300.

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Como seria a sala ideal?

 

 

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No sistema conhecido como box in box, cria-se uma caixa futuante. o forro isolante (1) é completamente fechado e suspenso da laje com isoladores de vibração. a janela acústica (2) duplica internamente a já existente. as paredes (3) recebem painéis isolantes leves, apoiados no piso futuante e isolados na fxação do forro no teto. o piso (4), por fm, é uma placa apoiada sobre um leito elástico, de material macio. Vale lembrar que as soluções devem ser leves, porque a estrutura dos edifícios não tolera sobrecargas elevadas. Procure um consultor acústico.

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