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Apartamento em Brasília esbanja sofisticação

No apê de 99,5m², projetado pela arquiteta Karla Madrilis, tons claros e tecnologias foram valorizados. Este é projeto do Distrito Federal para o Arquitetos do Brasil

Por Marcel Verrumo
Atualizado em 16 fev 2024, 15h16 - Publicado em 16 Maio 2014, 22h27
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Os sonhos do casal de Brasília desde o início estavam alinhados com o perfil da arquiteta contratada para tirá-los do papel, Karla Madrilis, do Stúdio Ninho. Os moradores, que gostam de viajar e receber amigos, solicitaram espaços simples e sofisticados com tons claros e destaque aos eletrônicos. “Como nossos projetos são predominantemente limpos e claros, não foi difícil atender ao pedido dos moradores para que o apartamento tivesse a decoração clean. A arquitetura contemporânea foi o norte. As peças e o projeto deveriam ser atemporais, pois a intenção é que a família permaneça bons anos no imóvel e, para isso, a decoração e o mobiliário precisam acompanhar as transformações”, diz a arquiteta. Ela conta que, como as dimensões do apartamento eram menores do que as exigidas pelos desejos dos moradores, um dos três quartos foi eliminado para aumentar a suíte do casal, que ganhou um closet. Ficou curioso para descobrir o resultado? Na galeria a seguir, você conhece detalhes da obra e, em seguida, lê a entrevista completa com a arquiteta do Distrito Federal para o Arquitetos do Brasil.

1. Quais são suas inspirações? Em quem você se baseia para realizar os seus projetos?

 

Gosto muito da arquitetura natural. Que remete às nossas origens. Por isso, em meus projetos utilizo muita pedra, madeira e tecidos. Praticamente, não me rendo a modismos. Deixo as novidades para as peças menores, tais como os adornos e pendentes. Busco o design contemporâneo, de modo que a casa permaneça admirável ao longo dos anos e acredito que a casa nunca está pronta. A cada viagem, uma nova peça ou souvenir pode chegar e o ambiente precisa estar sempre apto a recebê-lo. Gosto da ideia de que a casa deve funcionar como uma folha em branco. Aqui no Brasil, gosto muito do estilo da Débora Aguiar, de David Bastos e do escritório, agora dividido, Bernardes e Jacobsen.

2. Qual é o fator local que interfere, ou seja, icônico na arquitetura/cultura da sua localidade?

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Brasília é uma cidade cara. De todos os pontos de vista, creio eu. Logo, especificar produtos de qualidade tem seu ônus. Nem todos os meus clientes tem a mesma disponibilidade financeira para executar tudo aquilo que desejam. Então, procuramos aliar qualidade e preço, o que às vezes é quase impossível. Para resultados satisfatórios, investimos nas peças chaves e procuramos reduzir custos nos detalhes. A mão-de-obra e os fornecedores são outro ponto negativo de Brasília. Eles têm dificuldade de cumprir prazos e nem sempre apresentam resultados conforme o esperado. Os melhores profissionais elevam o preço em função dessa disparidade.

3. O que não pode faltar na casa de um brasiliense?

Materiais resistentes são a principal preocupação nos projetos aqui do centro-oeste, porque os materiais trabalham muito, graças ao  nosso longo período de estiagem. A grande maioria dos clientes também opta pelo ar-condicionado, graças ao calor intenso.

4. Como você costuma se atualizar? Através de revistas, cursos, viagens etc.? E quais são?

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Assino diversas revistas de arquitetura e construção. CASA CLAUDIA e ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO porque são minhas referências mais remotas. A revista Projeto por ser mais técnica. Bambo pela inovação e Casa e Jardim pela conexão com o paisagismo.

5. O que compensa, ou não, em questão de materiais, importar?

 

Eu sempre oriento meus clientes a valorizarem a marcenaria e a iluminação. Porque são a base de tudo. Os demais, naturalmente, serão bem valorizados se estes dois primeiros forem de qualidade. Se o cliente está disposto a fazer 100% de intervenção, também será encorajado a colocar bons revestimentos. Caso o lar seja temporário, não vale a pena trocar revestimentos. Um piso ruim pode ser melhorado com instalação de um flutuante e uma boa pintura resolve paredes. Por isso, o programa de necessidades deve ser muito bem traçado.

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6. O que frustra e te estimula em sua profissão?

 

Nossa profissão, embora em ascensão, ainda é muito desvalorizada. A maioria das pessoas, acha que é caro pagar um profissional somente para “dar umas ideias”. Mas não é isso. As ideias envolvem a escolha do melhor layout, o melhor posicionamento dos equipamentos, conforto térmico, cores, custos, prioridades… Quando um cliente me pede algo para ontem, porque tem pressa, fico extremamente frustrada, porque não é um trabalho mecânico, que você abre uma gaveta e saca o projeto. Ele precisa ser sentido, estudado. Qualquer alteração, por mínima que seja, envolve alterações no todo. Às vezes, uma pessoa fala: “Ah, eu quero tirar aquele detalhe do gesso.” E cobra agilidade, porque não entende que aquele detalhe estava casando com outro, que estava no eixo de um móvel, que iluminava determinado espaço… Fazer um projeto que muitas vezes não é seguido à risca é o mais decepcionante do meu trabalho. Se vai alterar mais para frente, não aprove. Espere chegar ao resultado que você irá executar. Agora, o lado mais prazeroso, é do da finalização. Quando o cliente reconhece, emocionado, o quanto aquele espaço lhe dá prazer, o quanto ele se sente em casa. Quando os meus clientes se tornam meus amigos, sei que meu objetivo foi alcançado. Quando a obra termina com o cliente aborrecido com o profissional é porque em algum momento a cumplicidade foi quebrada. A fidelização do cliente é a melhor parte. Quando ele troca de imóvel e me leva junto. É quando me sinto mais competente e realizada.

7. O que todo mundo pensa quando você diz que é arquiteto, mas não é verdade?

 

Que fazemos mágica, que o escalímetro é uma vara de condão!

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8. Qual foi o último filme/livro que assistiu/leu?

 

O último filme foi o brasileiro Alemão. E o livro que estou lendo é de um professor da universidade, Ricardo Trevisan, Introdução à administração do escritório de arquitetura

9. Você é a favor da reserva técnica?

 

Acho essa questão muito delicada. Se a reserva técnica fosse algo organizado e transparente, seria interessante. Porém, a existência dela fez com que houvesse uma desvalorização profissional. Numa palestra de Ricardo Botelho, soube que muitos escritórios baseiam sua renda por ela. Ou seja, ganham mais através da RT do que pelo projeto. Isso está errado! Projeto dá muito trabalho, precisa ser bem cobrado. Quando concorremos com o preço dos que se pautam pela RT é desleal. Porque ele cobra barato no projeto, acreditando que vai ter o lucro pela RT. Eu, que cobro pelos tributos, emito nota fiscal, às vezes deixo de fechar contratos, porque alguém cobrou mais em conta. Mas me mantenho firme. Não dependo das RTs para me manter. Se elas chegam, vão para o fundo de caixa do escritório. Ainda assim, acho que, se ela parasse de ser paga, nivelaria melhor os profissionais. Apenas quem, de fato, se dedica aos projetos poderia se destacar pela qualidade, porque essa conta é o famoso barato que sai caro. Sou a favor das premiações por pontos. Assim, nos empenhamos sem que o cliente se sinta lesado. A loja nos gratifica com prêmios e não com dinheiro.

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Perguntas e respostas:

1. Niemeyer ou Lúcio Costa? Lúcio Costa.

2. Pudim de leite ou mousse de chocolate? Mousse de chocolate.

3. E o vento levou ou Dançando na Chuva? E o vento levou.

4. Chico Buarque ou Elis Regina? Elis Regina.

5. Sushi ou pizza? Pode ser os dois?

6. Atari ou Playstation? Atari.

7. Clarice Lispector ou Caio F. Abreu? Caio F. Abreu.

8. Gato ou cachorro? Cachorro.

9. Android ou iOS? iOS.

10. Paris ou Milão? Milão, somente porque não conheço Paris.

 

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Karla Madrilis nasceu e foi criada em Brasília. Graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Estadual de Goiás. Especializada em Bioconstrução e Arquitetura ecológica e em Gestão e gerenciamento de obras, pelo Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado (IPEC) e pelo Instituto de Pós Gradução (IPOG), respectivamente. Por ser arquitetura uma atividade multidisciplinar, acredita que todas as suas experiências como musicista, atleta e viajante só lhe acrescentaram. A música lhe deu composição, criatividade e ritmo. O esporte, senso coletivo para trabalhar em prol do grupo. E a paixão pelas viagens, um olhar apurado para conhecer o universo do outro. Conheça mais seu trabalho:

 

 

 

 

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