Apartamento de 46 m² é reformado com economia
Meu apê, sem aperto! A jornalista Daniela Hirsch conta como economizou em sua reforma. Leia o relato da moradora e, depois, confira as fotos na galeria.
Por Por Daniela Hirsch e Eliana Medina Fotos: Luis Gomes
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14 Dec 2016, 11h07 - Publicado em 23 Sep 2010, 12h58
Tempo é precioso, principalmente numa cidade como São Paulo. Para reduzir meus deslocamentos e simplificar a vida, decidi, em 2005, morar mais perto do trabalho. Aluguei um apartamento na Vila Madalena, zona oeste. O prédio antigo tinha pouca infraestrutura na área comum – mas isso, em cinco anos, não me fez a menor falta. Nesse período, desvendei o bairro aos poucos, a pé. No ano passado, um imóvel no mesmo edifício foi colocado à venda. Parecia uma ótima oportunidade. Afinal, estava mais do que na hora de viver numa casa com a minha cara. Por que não naquele endereço, um raro cantinho tranquilo do bairro boêmio que me acolheu? Financiei parte do valor e reservei uma quantia para o projeto e a reforma dos 46 m², focada na economia. Eis o resultado, pronto em três meses.
Não imaginava o quanto um projeto alinhado com os meus desejos facilitaria a execução e ajudaria a conter os custos. Chamei o arquiteto Décio Navarro, que, com base em minhas prioridades e de olho no orçamento, manteve a hidráulica original do prédio e apenas adaptou um novo ponto na lavanderia. A marcenaria, desenhada por ele, previu móveis novos, considerando os que eu já tinha e gostaria de manter. Ele ainda sugeriu: “Se você gosta de receber sem formalidade, a parte social pode ser uma sala de estar ampliada, integrada à cozinha. A bancada substitui a mesa de jantar, assim você não desembolsa com móveis e ganha espaço”. Projeto aprovado, decidi gerenciar eu mesma a reforma “também sou engenheira e já havia tocado uma obra antes. Monitorei as equipes indicadas por Décio em duas ou três visitas semanais ao local. Na reta final, as idas eram diárias. Para acompanhar as tarefas dos trabalhadores, pendurei um calendário atrás da porta no qual o empreiteiro preenchia as atividades de cada dia. Isso facilitou o cumprimento do cronograma.
Existem três pontos imprescindíveis para acertar na escolha de um imóvel. Primeiro: você precisa saber o que quer. Aqui, levantei prioridades para não gastar energia em buscas inúteis. Defini o bairro, optei por apartamento em vez de casa, com vista e sem edifícios vizinhos próximos. Depois, calculei quanto poderia pagar, lembrando de separar o dinheiro da reforma antes de dar a entrada. Por fim, planejamento. Assim que encontrei o imóvel, os trâmites para financiá-lo foram ágeis, pois estava com a documentação em ordem e a antiga proprietária também (nisso, dei sorte!). Fiquei na casa dos meus pais durante a obra – um período de muitas idas e vindas, já que eles moram na zona sul. Mas, antes de 2010 começar, já estava instalada em meu novo canto, onde desfruto diariamente da relação com a casa e com o bairro.
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A jornalista Daniela Hirsch, no bairro da Vila Madalena, em São Paulo
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O apartamento inteiro tem um piso só: cimento queimado (2), deixado em sua cor natural, da Dalle Piagge. As juntas de dilatação simulam tábuas de 40 cm de largura. O único revestimento diferente fica no boxe, que ganhou pastilhas de 10 x 10 cm (Portobello).
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Como portas também pesam no bolso, adotou-se apenas uma, de correr (3). Ela serve para isolar o banheiro, que, em dia de visita, funciona como lavabo.
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O apartamento não tem varanda, mas o cantinho da sala mais próximo à janela, com a rede, transformou-se num reduto de leitura e contemplação a vista dá para parte do skyline da cidade, com edifícios como o do Instituto Tomie Ohtake, e as ruas arborizadas do bairro Alto de Pinheiros. Como não há cortinas, a tumbérgia-azul ocupou a abertura (4). Ela completa o clima de área externa, traz privacidade e controla a entrada de luz. Se crescer demais, basta podá-la.
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A sala cresceu em direção ao quarto, já que o objetivo era ter uma área social grande. Executada com tijolões coloniais vermelhos (Cia. das Telhas), mais baratos que as versões claras, a parede rústica (5) que agora divide esses ambientes leva acabamento de argamassa branca (Weber Quartzolit). O efeito irregular foi obtido com lixa no 120 seguida de um arremate com lixa de água.
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Maior despesa da obra, a marcenaria está principalmente no closet, instalado no lugar de um dos quartos. Também foram feitos compartimentos embaixo da pia da cozinha e sob a bancada de refeições e gabinetes no banheiro e no lavabo.
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O gasto com a adoção de estruturas de MDF branco, sem portas nem puxadores nas gavetas com boa organização, os nichos abertos no closet (6) e na cozinha não são problema. A madeira maciça, mais cara, aparece só no tampo da bancada da cozinha e no gabinete do lavabo.
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O quebra-quebra foi inevitável. Grandes paredes de alvenaria saíram de cena e outras, pequenas, ajudaram a reorganizar os ambientes. Já que eliminamos o banheiro de serviço, posicionei a lavanderia ali. E a área de serviço original deu espaço para encaixar geladeira, micro-ondas e armário, invisíveis para quem está na sala, diz Décio Navarro. O quadro de luz, localizado na parede da cozinha que removemos totalmente, foi deslocado para a lavanderia. O banheiro permaneceu na mesma posição, dividido agora por uma parede de tijolo e um gabinete de cumaru emoldurado numa placa de vidro jateado. Projeto de reforma: Décio Navarro
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