Angelo Bucci fala sobre a casa de lazer de Gloria Kalil
A ideia de desenhar uma encomenda atípica, num momento em que tanto se discute a complexa vida nas cidades, seduziu o arquiteto. Nesta entrevista, ele explica o porquê
O que lhe agrada nesta obra?
Justamente o fato de não saber muito bem como nomeá-la. Uma casa? Um refúgio de fim de semana? Isso me obrigou a pensar de outro modo. Gosto, então, de brincar com a pergunta: você conhece uma casa com piscina, mas e uma piscina sem casa? Normalmente, ela é um acessório, assim como o jardim, porém aqui acontece o contrário. A residência é o programa primordial da arquitetura. E a função que lhe dá sentido, seu núcleo, é o morar. Como fazer um projeto no qual esse núcleo não existe? Trata-se de um assunto muito rico para a arquitetura.
E como analisa a construção diante da cidade?
Foi interessante ouvir dos proprietários que queriam ficar em São Paulo, evitar o trânsito. Este projeto nasceu no contrafuxo do tráfego. Ele alivia o movimento de saída dos carros, esvazia as ruas, ocupa a cidade quando ela tende a ficar deserta. Curioso observar o desejo de obter não o máximo de coefciente construtivo e aproveitamento, mas o máximo coefciente de jardim e de luz. No contexto de um bairro, isso é muito produtivo.
Suspender a raia foi essencial?
Ao pensar numa piscina, vem a ideia imediata de um tanque enterrado. Assim, no entanto, ela estaria sujeita à sombra dos vizinhos. Propus elevá-la porque, aqui, a superfície está em cima. E ela está orientada exatamente no sentido da rota dos aviões – temos até o mapa de aproximação. Gosto dessa imagem criada num cenário tão urbano.
Conheça a casa de lazer de Glória Kalil, que fica em SP e tem até raia na cobertura
Faça um passeio pelo projeto e veja a entrevista com o arquiteto Angelo Bucci.