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A casa que respira Yoga

Conheça o lar da professora de Yoga Thais Faleiros, um lugar que parece ter saído dos contos de fada infantis e onde até os alunos se sentem em casa.

Por Texto: Cristina Dantas | Reportagem visual: Paulo Lagreca | Fotos: Evelys Muller
Atualizado em 20 dez 2016, 15h12 - Publicado em 28 jun 2013, 16h21
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O apartamento em que vivia, num agitado bairro de São Paulo, não agradava à professora de Yoga Thais Faleiros. Ou melhor: desagradava-lhe a agitação, não o apartamento. Pensando nisso, ela começou a cogitar mudanças. O ideal seria se estabelecer em Perdizes. Com seus sobe e desce de ladeiras sem fim, ainda guarda resquícios de um modo de vida mais parecido ao do interior, repleto de crianças brincando na rua e vizinhos capazes de estabelecer uma relação de amizade e cuidados. Além do mais, muitos de seus alunos se concentravam ali. Quando decidiu, Thais tirou um dia para andar pelo bairro – quem sabe alguma placa surgiria à sua frente anunciando uma casa mais ou menos como a que ela gostaria? Uma placa logo lhe saltou aos olhos e se referia a um sobrado não somente semelhante ao que desejava: parecia ter sido feito para ela, sob minuciosa encomenda. 

Com três quartos, piso, pintura, portas e janelas estavam impecáveis e prontos para receber a nova moradora e seu filho de 7 anos. Não faltava sequer uma sala para as aulas de Yoga, com entrada independente. Mas, se achar a casa ideal foi fácil, um detalhe poderia pôr o sonho a perder: vinda do interior há poucos anos, sem parentes ou alguma propriedade na capital, que servissem de avalistas, seria difícil fechar contrato de aluguel. “Tinha tudo para dar errado”, lembra. Mas a proprietária já estava até abrindo mão dessa exigência quando uma aluna se ofereceu como avalista.

Livre da burocracia, contrato em mãos, Thais resolveu dar ao caminho lateral, que leva à sala de Yoga, um jardim para acolher os alunos desde a entrada, com muitas plantas e uma boa coleção de ervas para chás. No próprio bairro, ela contratou o escritório Verdejante Paisagismo, responsável por fazer nascer o cantinho verde tão desejado. A árvore que derrama franjas verdes sobre as janelas já estava lá. Thais tomou as devidas providências: chamou um especialista para examinar o estado das calhas e do telhado a fim de não correr riscos desagradáveis, como uma infiltração. Mais uma vez os ventos foram favoráveis: a árvore não oferecia riscos, o telhado estava em perfeito estado, e as calhas, desimpedidas. Só faltava fazer a mudança. A casa a recebia de alma, portas e janelas abertas.

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É no próprio jardim que Thais colhe a erva-cidreira e a hortelã, entre outras delícias aromáticas, para fazer chá e abastecer a garrafa térmica sempre à disposição dos alunos. Professora há cinco anos, já acumula dez na prática da Yoga, quando começou em uma academia perto de onde morava, no Paraíso, onde se instalou logo que saiu de Franca, no interior, rumo à capital paulista. Com o tempo, encontrou o método do chileno Gustavo Ponce, mais voltado à coluna vertebral. Uma vez por ano, ela ruma para o Chile, onde Ponce reúne os adeptos da prática. Na última viagem, levou o filho, Felipe, iniciado na Yoga pela mãe desde pequeno e hoje dominador de várias posturas. Ficou ainda mais estimulado depois de ter começado a ter aulas de breaking, a dança das ruas, e percebeu a importância da Yoga para os complexos movimentos que a dança pede, sem falar na dose extra de flexibilidade.

“Mas eu não sou muito radical”, avisa Thais, explicando que intercala o método mais terapêutico de Gustavo Ponce com uma Yoga “mais fluida, alinhada com a respiração”. Junto com o equilíbrio e o tônus muscular, os alunos têm um bônus extra: aumentam a estatura, pois o método, ao trabalhar a coluna e corrigir a postura, “estica” o corpo. “Tenho uma aluna que, em um mês, aumentou meio centímetro”, conta a professora. “Eles mudam o modo de fazer as coisas, desde levantar da cama de manhã até a forma correta de se sentar em frente ao computador.” Mas a disciplina, ela lembra, é essencial: é preciso praticar ao menos duas vezes por semana – palavra de quem segue à risca seus próprios preceitos e não abandonou a Yoga nem na gestação.

Na casa nova, onde vive há menos de um ano, Thais já pensa em incluir sessões de massagem – ao lado da sala onde ministra as aulas, há mais um espaço sendo feito para que um massagista possa trabalhar. Um charme a mais ao clima gostoso do sobrado alaranjado, cor já existente na fachada quando ela se mudou. E explica que, na Índia, esse tom simboliza os primeiros raios do dia que nasce, deixando para trás a escuridão noturna: uma verdadeira saudação ao sol.

 

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