Uma entrevista com Martin Derbyshire na Semana de Design do Rio
Nossa repórter conversou com Martin Derbyshire, do design Tangerine, antes de sua palestra na Semana do Design do Rio.
De um jeito simples e bem-humorado, o inglês Martin Derbyshire, fundador da premiada consultoria de design Tangerine, conduziu sua palestra para uma plateia lotada, na noite de 24 de outubro, o segundo dia da Semana de Design Rio, que aconteceu até o dia 27 de outubro. O público, em sua maioria jovem, que ocupou a arquibancada do Jockey Clube, na Gávea, sede do evento (que contava ainda com cerca de 50 atividades espalhadas pela cidade), conheceu um pouco do genial processo de criação de Derbyshire, como o desenvolvimento do bem-sucedido redesign da classe executiva e primeira classe da British Airways. “A essência da nossa profissão é oferecer uma experiência mais marcante para o consumidor. Ou seja, tornar a vida melhor”, afirma ele, que deu uma entrevista exclusiva para o site Casa.
Que produto você ainda gostaria de desenhar?
Um sistema de transporte público realmente fantástico, com baixo custo de operação e uma experiência gratificante e eficiente para o usuário. E. de um modo geral, quero criar qualquer coisa que represente algo novo e palpitante no mercado, que abra caminhos e surpreenda.
Que objeto você diria que é para sempre, um clássico?
Minha esposa e eu ganhamos 500 libras de presente de aniversário de casamento de um grupo de amigos e compramos duas Kelvin lights da Flos. Elas são clássicas, atemporais e o bulbo com lâmpada de led dura 50 anos.
Tem algum designer brasileiro que você admira e conhece o trabalho?
Eu realmente admiro a figura de Oscar Niemeyer e sua obra. Ele criou uma arquitetura de ponta, conhecida em todo o mundo, e colocou o Brasil no mapa desse universo estético. Também sou fã do trabalho do meu amigo Guto Indio da Costa. Ele é sem dúvida um dos melhores designers do Brasil.
Qual seria, para você, a melhor definição de design?
A grande função do design é tornar a vida melhor para as pessoas e gerar lucro para o negócio. O bom design geralmente não é notado, mas a sua ausência, sim.
Como você vê o design brasileiro?
Os pontos altos são a pulsação, a vida, a paixão e a originalidade. E o ponto fraco, a meu ver, é a falta de realização comercial, em muitos casos.
Em uma entrevista recente, você questionou se realmente precisamos de mais uma cadeira bonita. O que seria então o papel do design na sociedade contemporânea?
A verdade é que essa frase foi justamente para ser controversa e chamar atenção. Claro que acho que a cultura dos bens materiais deve progredir, mas design é muitas vezes marginalizado e delegado à obsessão do objeto em si e da sua assinatura. Design é muito mais do que isso e pode alcançar um número bem maior de pessoas. Isso é o que realmente me interessa, conseguir proporcionar experiências melhores através do design. Mas eu bem que ainda pretendo desenhar uma bela cadeira…