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Selina Juul luta contra o desperdício de comida

Os dinamarqueses jogam no lixo o equivalente a 6 bilhões de reais em comida. Nesse cenário surge a ativista Selina Juul.

Por Texto Kátia Stringueto | Design Didi Cunha
Atualizado em 21 dez 2016, 00h20 - Publicado em 25 jul 2013, 19h27
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Selina chegou a Copenhague aos 18 anos vinda de Moscou. Não estava acostumada a tamanha fartura de alimentos, menos ainda ao desrespeito por ele. Aos 28 anos, criou no Facebook a página Stop Spild Af Mad (“Pare de Desperdiçar Comida”) e em uma semana aparecia em todas as mídias. Desde então, foi convidada para uma palestra do TED, participou de conferência da FAO e atua em projetos com a Comunidade Europeia. Na capital da Dinamarca, BONS FLUIDOS a encontrou para um café da manhã.

Qual o balanço que você faz desses cinco anos de atuação? Há cinco anos ninguém falava de desperdício de comida. Hoje, já se nota um novo comportamento. Exemplo: três meses depois de a página no Facebook ter sido criada, a rede de supermercados Rema 1000 (a maior da Dinamarca) nos informou que iria parar com a promoção “Leve três e pague dois”, que comprovadamente gera consumo exagerado, e descarte de boa parte dessas mercadorias não planejadas.

A Unilever também se engajou. As pessoas ficam com vergonha de pedir para levar a comida que sobrou no restaurante. Quando fazem isso, dizem que é para o cachorro, e pedem uma doggy bag. Fiz uma brincadeira com os nomes – coloquei um “x” no doggy e reescrevi por cima goodie. A Unilever gostou da ideia e está patrocinando os saquinhos distribuídos nos restaurantes.

Você editou um livro com chefs famosos ensinando o que fazer com sobras de comida e foi apoiada por autoridades. Vários ministros nos apoiaram. Na Dinamarca, os políticos valorizam iniciativas de interesse social. Em fevereiro, nós e a prefeitura debatemos o tema desperdício e crescimento econômico.

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Como crescer sem comprar mais? Trinta por cento da produção de tomate vai para o lixo porque a fruta tem alguma imperfeição. Essa ideia de que o alimento precisa parecer ter saído da fábrica precisa mudar. Imperfeições são normais, e o produtor vai vender mais quando o consumidor estiver ciente disso.

Você diz que o desperdício aqui impacta na fome da África… Globalmente, os preços sobem porque consumimos muito. Meu conselho: adquira o que precisa e use tudo o que comprou.  

Como fazer para esse movimento avançar? Precisamos torná-lo cada vez mais internacional. No ano passado, estive em 14 países dando palestras. De gota em gota vamos conscientizando um a um. (Ao sair, Selina dá o exemplo: pega os croissants que sobraram do café, os coloca num saco de papel dentro da bolsa e, simpaticamente, se despede).

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