Penha: um bairro de muitas faces
Quem mora aqui não arreda o pé. E quem está atrás de um imóvel para comprar encontra opções mais em conta que no vizinho Tatuapé
Os morros caracterizam o bairro. E a Basílica da Penha é um dos exemplares da arquitetura religiosa que impera na região. O curioso, porém, é a paixão dos moradores pelo local. “Vim da Itália com 7 anos e não quis mais sair daqui”, diz Rocco Lence, da Vinícola Lucano. A hospitalidade é um dos pontos que atrai novos moradores. “Trabalho na região e me identifico com tudo”, fala a bancária Eliane Gomes Chinchio. A construção de prédios residenciais concentra-se no perímetro formado pela rua Mirandinha e pelas avenidas Amador Bueno da Veiga, Padres Olivetanos e Radial. Próximas ao metrô, as ruas Atuaí, Jorge Augusto e Leopoldo de Freitas são os alvos preferenciais. “Muitos compradores optam pela Penha para ficar mais perto do centro da cidade ou porque o bairro apresenta preços razoáveis em relação aos imóveis do Tatuapé”, diz o corretor Marco Antônio Jorge. O shopping center e o Teatro Martins Pena exibem arquitetura moderna e são boas opções de lazer. A Penha é um lugar cheio de histórias. Dom Pedro I pernoitou aqui após a proclamação da independência, às margens do riacho Ipiranga. O governador Carlos Campos transferiu a sede do governo para um vagão na estação Vila Matilde durante a revolução Tenentista, em 1924. Sem falar no famoso bonde que ligava os dois extremos da cidade de São Paulo, o Penha/Lapa. O bairro sempre se beneficiou da situação geográfica. Era ponto de passagem para quem chegava pelo norte do estado e, por estar numa colina, uma referência de lugar saudável. “Muitos paulistanos se refugiaram aqui durante a epidemia de gripe espanhola no início do século 19”, conta Francisco Folco, fundador do Memorial da Penha.
Positivos
Facilidade de acesso a serviços e comércio
Boa relação custo/benefício dos imóveis
Vizinhos hospitaleiros
Negativos
Tráfego intenso para entrar ou sair do bairro
Falta de variedade entre as opções de lazer
Nome de rua
Se traçarmos a árvore genealógica de Paulo Jardim, encontraremos nomes de ruas na área. Unindo-se a outros sobrenomes tradicionais do bairro, ele investiu na construção de um edifício de apenas nove unidades vizinhas do Santuário e da Basílica. Em um dos quartos da casa, guarda um oratório com a santa padroeira. “Na minha família, somos devotos de Nossa Senhora da Penha há gerações”, conta. Os penhenses, de raiz ou de alma, defendem com ardor o local onde vivem. Esse apego se estende até mesmo a quem já não mora mais no bairro, como o farmacêutico Flávio Carpigiani. Ele se mudou faz um bom par de anos para a Vila Mariana, mas não carregou junto sua farmácia, encravada há 56 anos na rua Guaiaúnas, no centro. “Já cuidei de três gerações de penhenses. Isso é muito bom”, conta orgulhoso seu Flávio.