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Grafites incríveis de Jana Joana e Vitché. Inspire-se!

Com a técnica do grafite, o casal de artistas plásticos Jana Joana e Vitché transforma a aspereza dos muros da cidade em espaços de pura fantasia.

Por Texto Raphaela de Campos Mello | Design Roberta Jordá | Fotos Arquivo pessoal
Atualizado em 14 dez 2016, 12h06 - Publicado em 19 dez 2012, 12h30

*Matéria publicada em Bons Fluidos #166 – Janeiro de 2013

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Ora esquecidos sob os viadutos, ora margeando as avenidas mais concorridas da cidade, os muros estão ali, de prontidão, a denunciar a degradação do espaço público. Boa parte poderia seguir assim, entristecendo as ruas, com sua lenta derrocada. Mas, felizmente, a arte corre por fora, faz a volta e preenche com cores, personagens e símbolos plenos de poesia os paredões maltratados das metrópoles. Artistas plásticos como o casal paulistano Jana Joana, 34 anos, e Vitché, 43 anos, devotam a vida à lúdica tarefa de transformar os muros e, por tabela, o olhar dos passantes.

Se você ama grafite. fotografe a arte pelas ruas e publique no Instagram com #amografite. Vamos fazer uma galeria com as fotos

 

“Moramos numa cidade que é um paliteiro. E esse monte de prédios rouba a sensação de olhar além. Aí brincamos de criar horizontes”, define Jana. “A lacuna do que a gente supõe que está faltando na cidade nos estimula a criar”, acrescenta Vitché. O grafite é a varinha de condão por meio da qual superfícies deterioradas viram portais mágicos diante do pedestre afoito, do motorista oprimido pelo engarrafamento e pelas preocupações do cotidiano, do passageiro que vê através da janela a oportunidade de devanear. O convite é irresistível. Até o mais bruto dos seres é tragado pelas cenas oníricas e pelas figuras míticas egressas de um passado longínquo. Para Jana e Vitché, a sisudez, seja do entorno, seja do nosso mundo interno, está longe de ser o único cenário possível. “Nossos antepassados estavam conectados aos símbolos, à cor, à natureza. Fomos perdendo essa ligação com o passar do tempo, gerando outras necessidades e esquecendo desta que para mim é a maior de todas: estar envolvido pela natureza e pela arte”, observa Vitché.

 

A força das imagens, às vezes, sensibiliza o espectador de forma inconsciente. A alma é fisgada pelo colorido e o encantamento decorrente desse encontro devolve a graça ao dia, reconstrói em segundos a ponte com a infância. “Recebo emails de pessoas contando que estavam no trânsito e depararam com um desenho nosso e aquilo as transportou para outro lugar. É isso o que buscamos”, diz Jana. Ambos são autodidatas. Contam que antes de o artista ganhar corpo havia a criança que inventava as próprias brincadeiras pelas ruas, pintando e desenhando sobre toda e qualquer superfície. Trajetórias afins que se entrelaçaram há 11 anos, muitos deles preenchidos com viagens pelo Brasil e pelo exterior. Desta união nasceu a pequena Gaya, há dois anos, e o dueto virou trio. A menina também gosta de pincelar com os pais. E a arte segue alimentando a vida, que flui pelas ruas, pelo ateliê e pela casa.

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Apesar da íntima parceria, cada um desenvolve, a seu modo, uma linha de trabalho independente. Vitché resgata madeiras descartadas pelas esquinas e, com elas, confecciona esculturas, além de produzir telas e ilustrações. Jana cria a partir de vidros, transparências, tecidos e rendas. Enquanto ela se deixa guiar pela sutileza do universo feminino, ele faz ecoar o mundo masculino. O grafite é o ponto de encontro desse namoro. “Trabalhamos juntos como a banda em que o baixo não pode estar mais alto que o vocal. A gente entra mesmo numa harmonia e numa fusão. Uma união do tipo yin-yang”, descreve Jana. Não por acaso, ela é o Sol, ele, a Lua, elementos recorrentes nos painéis pintados a quatro mãos e entregues à cidade, na esperança de que seus apressados moradores se deem tempo e voltem a sonhar. E que belo sonho…

*Matéria publicada em Bons Fluidos #166 – Janeiro de 2013

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