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Controle a ansiedade!

Sofrer por antecipação, além de nos oprimir, acaba com a saúde. Mas não se intimide: você pode domar a fera

Por Raphaela de Campos Mello
Atualizado em 20 dez 2016, 18h54 - Publicado em 10 Maio 2012, 20h28
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A ansiedade se tornou uma epidemia dos tempos atuais, pautados por mudanças rápidas e múltiplas tarefas, em geral, ditadas pela pressa e altos níveis de cobrança. Já que é tão difícil escapar das garras dessa invasora que tanto mal causa à saúde física e emocional, tratemos de desmascará-la.

Sim, ela tem muitas faces. E é bom que saibamos identificá-las. “O medo em relação ao futuro está na base da ansiedade, pois queremos planejar a vida, ter tudo sob controle, o que gera um estado de inquietação, muitas vezes, incontrolável”, afirma a terapeuta floral Maria Alice Cavalcanti, professora do curso de Naturologia Aplicada da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul).

Ela pode ser ainda provocada por excesso de preocupação, por sempre focarmos o aspecto negativo das situações, por impaciência em relação aos processos da vida, que possuem ritmo próprio, por medo de se expor e também por criarmos expectativas elevadas demais em relação aos nossos objetivos.

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Feito esse reconhecimento inicial, não é difícil concluir que o tal bicho de sete cabeças nada mais é que uma criatura forjada por nós mesmas, ou seja, pela maneira como respondemos às demandas do mundo e às nossas cobranças internas.

Mas não precisamos condená-la. Segundo os estudiosos da psiquê, ela é, em certa medida, benéfica ao ser humano. “Trata-se de uma resposta adaptativa do organismo frente ao menor sinal de perigo ou ameaça, real ou imaginária. Ansiedades imediatas ou de curto período estão a serviço da sobrevivência dos indivíduos, sendo um mecanismo natural, necessário e vital”, afirma Karina Haddad Mussa, psicóloga e psicoterapeuta cognitivo comportamental, de São Paulo.

A ansiedade crônica

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Segundo Karina, os problemas começam a aparecer quando esse estado de alerta se prolonga indefinidamente. “A ansiedade crônica traz prejuízos silenciosos à saúde psíquica, podendo até resultar em problemas, como ataque de pânico, transtorno obsessivo-compulsivo, estresse agudo…”.

Mesmo que não atinjamos esse patamar, a ansiedade pode ter consequências devastadoras para o organismo. “Ela gera tensão, dores no corpo, sensação de vazio no estômago, coração batendo descompassado, aperto no tórax, aumento da transpiração, falta de ar e esgotamento”, alerta a especialista. Impossível sair incólume desse bombardeio.

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A contabilidade dos danos causados por tamanha agitação inclui ainda entraves de ordem comportamental. “A ansiedade exacerbada acarreta baixa autoestima, insegurança, sensação de fracasso e até depressão. Sentimentos que abalam a ‘performance’ na vida pessoal, social e profissional”, afirma Karina.

Fica a pergunta: será que o nervosismo que você sente em determinadas situações está dentro dos níveis saudáveis? “Quando a ansiedade gera motivação, apesar de deixar a pessoa nervosa, levando-a à ação e fazendo com que enxergue o lado positivo do desafio, o quadro é favorável. Mas, se a perturbação paralisa o indivíduo, ela é destrutiva”, avalia Júlio Parreira, autor de Ansiedade Tem Cura (ed. 7 Letras).

Nem todos reagem da mesma maneira às imposições da vida. Há perfis mais suscetíveis à ansiedade. Veja se você faz parte do “grupo de risco”: “Pessoas perfeccionistas ou exigentes em demasia, em relação a si e aos outros, tendem a sofrer desse mal. Enquanto as otimistas são menos ansiosas”, afirma Júlio.

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Já Karina adiciona a essa lista outros três perfis. “Indivíduos competitivos, com baixa resistência à frustração ou desorganizados, sobretudo os que não sabem administrar o tempo, costumam ser alvo fácil da ansiedade”.

No entanto, ressalta a psicóloga, para uma avaliação mais assertiva, é preciso levar em conta, além do temperamento, o ambiente em que a pessoa vive, sua história de vida e os componentes genéticos.

Recupere o equilíbrio

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A tarefa crucial para recuperar o equilíbrio é aprender a lidar com a desordem interna que tantas vezes toma conta da gente. Para começar a inverter esse jogo, é preciso admitir que suas reações passaram dos limites. Depois, prestar atenção às situações que geram descontrole para encontrar os caminhos da cura.

Técnicas de ioga, meditação e relaxamento podem ser de grande valia. “A meditação orienta a experiência do momento presente, aumenta o estado de alerta e atenção plena e ainda facilita o contato consigo mesma, trazendo a sensação reconfortante de segurança, paz e serenidade”, avalia Karina.

Mas não espere resultados imediatos. “É importante criar o hábito dessas atividades, para que o corpo aprenda a se comportar de forma mais serena”, ressalta Maria Alice. A respiração é um antídoto ao alcance de todas nós e um bom ponto de partida. “Quando inspiramos e expiramos profundamente, por alguns minutos, os pensamentos vão automaticamente se acalmando”.

Júlio Parreira nos lembra de adicionar à rotina programas prazerosos e restauradores. “O tempo qualitativo é aquele dedicado a atividades criativas e relaxantes, capazes de reduzir os níveis de ansiedade”.

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