Chico Xavier teve uma vida dedicada ao amor

Médium mineiro, Chico Xavier empenhou-se em curar e consolar os necessitados e se tornou o grande líder espírita brasileiro

Por Raphaela de Campos Mell
Atualizado em 14 set 2018, 21h11 - Publicado em 25 Maio 2012, 17h00
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Chico Xavier, apesar de não ter nenhuma pretensão de virar mito ou celebridade, fez história. Francisco Cândido Xavier cumpriu sua missão na Terra com a disciplina e a humildade dos iluminados, apesar de ter refutado essa condição inúmeras vezes. Dizia ser “uma tomada entre dois mundos”. Uma alma especial, na visão de devotos e simpatizantes que até hoje, quase nove anos após sua morte, o reverenciam com gratidão.

O coração de Chico foi grande o suficiente para acolher o sofrimento das pessoas. Em especial, pais e mães inconsolados pela morte de seus filhos. Com doçura e compaixão, abraçou pobres, doentes, famintos, desesperados.

Depoimentos e passagens surpreendentes recheiam o livro As Vidas de Chico Xavier – Biografia Definitiva (ed. Leya). Escrita pelo jornalista Marcel Souto Maior, a obra deu origem ao filme Chico Xavier, sucesso de público dirigido por Daniel Filho. Mesmo “protegido” pelo distanciamento profissional, Marcel confessa não ter conseguido segurar as lágrimas ao conhecer pessoalmente o objeto de sua pesquisa. Mais tarde descobriu que a simples presença do médium comovia boa parte dos visitantes. Houve até quem beijasse seus pés.

O fato é que, ao longo de seus 92 anos de vida, 74 deles dedicados à atividade mediúnica, o filho da minúscula Pedro Leopoldo, cidadezinha a 35 quilômetros de Belo Horizonte, não só colocou em prática o lema cristão “Dar sem esperar nada em troca”, como se tornou o grande difusor do espiritismo no Brasil. Os números são impressionantes: mais de 400 livros psicografados e mais de 30 milhões de exemplares vendidos. A renda dos direitos autorais? Doada para instituições beneficentes.

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O escolhido

Desde cedo, Chico se comunicava com o mundo dos espíritos. Seu destino estava traçado: vida longa e dedicada ao próximo, com total intervenção do plano superior. Aos 5 anos, conversava com sua falecida mãe, Maria João de Deus. Ouvia dela: “Paciência, meu filho, muita paciência, pois esse martírio logo acaba”, referindo-se aos maus tratos praticados contra ele pela madrinha Rita de Cássia, sua tutora.

A infância pobre transcorreu sob o fantasma do desajuste, do estranhamento. Seu próprio pai, João Cândido Xavier, o taxava de louco. Apenas aos 17 anos foi descoberto por um casal de espíritas que logo reconheceram dons sobrenaturais no adolescente e se tornaram seus primeiros professores.

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Debilitado pela angina (dor no peito) e por sucessivas pneumonias, além da catarata, Chico disse que morreria no dia em que o povo brasileiro estivesse exultante. Esse dia chegou: 30 de junho de 2002. Ele partia e o futebol brasileiro se tornava pentacampeão mundial.

 

Ensinamentos de Chico Xavier

• “O Cristo não pediu muita coisa, não exigiu que as pessoas escalassem o Everest ou fizessem grandes sacrifícios. Ele só pediu que nos amássemos uns aos outros.”

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• “Agradeço todas as dificuldades que enfrentei. Não fosse por elas, eu não teria saído do lugar. As facilidades nos impedem de caminhar. Mesmo as críticas nos auxiliam muito.”

• “Devemos aceitar a chegada da chamada morte, assim como o dia aceita a chegada da noite, tendo confiança que, em breve, de novo há de raiar o Sol.”

• “Gente há que desencarna imaginando que as portas do mundo espiritual irão se lhes escancarar. Ledo engano! Ninguém quer saber o que fomos, o que possuíamos, que cargo ocupávamos no mundo. O que conta é a luz que cada um já tenha conseguido fazer brilhar em si mesmo.”

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