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Carlos Solano: Ordem, beleza e alegria

Carlos solano é arquiteto e escritor. Coordena a campanha Vamos Plantar Um Milhão de Árvores e pesquisa com devoção a cultura popular, as terapias da casa, a ecologia e o bem-estar.

Por Carlos Solano
Atualizado em 29 ago 2018, 11h48 - Publicado em 2 Maio 2013, 13h21
Carlos Solano arquiteto

Dona Francisquinha, minha faxineira rezadeira, anda bem ocupada com o Natal. Para ela, esta é a época do ano em que as três partes da Sagrada Família (José, Maria e o Menino) vêm nos visitar. “E a nossa casa tem de se preparar!”, ela avisa. Segundo dona Francisca, são José gosta de ordem, Maria, de beleza, e o Menino Deus, de celebração e alegria. “É assim que o celestial comunga com o ‘terrestrial’”, ela me diz. Para dar uma forcinha, ela inventa moda e capricha nos preparos. Olha para você ver…

 

Ordem

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Querendo agradar são José, dona Francisca deixa a casa na mais santa ordem. Um paninho úmido, com três gotas de óleo essencial de lavanda (regenerador), sobre móveis, portas e janelas espalha um aroma dos céus… Como são José é da paz, Francisca ainda me ensinou um jeito de coligar a casa à paz universal. Usou uma vela e uma florzinha miúda (brancas, representando a paz), uma folha verde (simbolizando a natureza), uma conta ou bola de gude azul (o mundo) e um copo de vidro com água mineral e açúcar. Acendeu a vela. Sentou, suspirou e assoprou o planeta-bola-de-gude para purificar. Imaginou a chama da vela consumir a negatividade do mundo. Passou a flor na água e, com ela, banhou a bolinha, abençoando a Terra. Fez o mesmo na folha (bendizendo a natureza). Por fim, colocou as duas na água com açúcar e orou pela paz. Deixou o copo num lugar sossegado até o dia de Natal para, então, borrifar pela casa essa água abençoada.

 

Beleza

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E para agradar a Virgem Maria? Francisca me levou “subida acima, subida abaixo” até a professora Helena Flávia Marinho de Lima, que tece beleza e poesia em forma de guirlandas, não só para o Natal mas também para cada mês do novo ano. “A guirlanda, na entrada das casas, tem a missão de acolher as pessoas. No Natal, ela nos lembra da Criança Divina e nos faz acreditar no mundo”, ela diz. Aprenda a fazer: entrelace ramos de pinheiro (ou cipó) em círculo. Amarre e vá pregando boas intenções em forma de minipresentes, imagens do presépio, lãs, linhas, pedrarias, sementes, botões, retalhos de panos e curiosidades garimpadas nas lojinhas populares de R$ 1,99. “Ficou demais da conta!”, admira dona Francisca, para quem “o fazer enriquece a vida”. E qual a razão de ter guirlandas em todos os meses? “Para inspirar o dia-a-dia com amorosidade, zelo e reflexão. Cada mês tem uma mensagem especial, que pode nos ajudar quando vivenciada”, diz Helena, que tem um curso sobre isso. Para abril (Páscoa), ela fez a guirlanda da renovação. Para setembro (primavera), flores e gratidão pela natureza (veja mais em helenaflavia.sites.uol.com.br).

 

Alegria

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Voltando ao Natal: cadê a alegria? Eu perguntei à dona Francisquinha, que fez mistério: “Olhe, é assim: quando der meia-noite certinha, sirva, de entrada, a amizade; de prato principal, a fé; de sobremesa, a caridade; de bebida, a humildade; e, de tempero, o amor, que a alegria do Menino Deus te guarda e acompanha, meu filho. A bem da verdade, José, Maria e o Menino vivem sempre junto de nós. Eles são como flores, feitas de raios de luz, e para tocá-los é só seguir o caminho que a esperança nos conduz”. Um bom Natal a todos!

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