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As lições do design para empresas, segundo Marcelo Rosenbaum

O designer estuda ministrar workshops para ensinar executivos a se comunicarem melhor através da memória e do design. 

Por Por Luísa Melo, de Exame.com
Atualizado em 19 jan 2017, 15h49 - Publicado em 11 dez 2013, 12h29
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São Paulo – Já pensou em colocar os funcionários da sua empresa para bordar? A princípio, pode parecer uma ideia meio maluca, mas o designer Marcelo Rosenbaum garante que a técnica tem muito a ensinar aos negócios.

Ele pretende ministrar workshops em corporações para ensinar executivos a se comunicarem melhor, através do design. Segundo Rosenbaum, a arte pode contribuir para o engajamento, a troca de informações e para que as pessoas possam se compreender melhor, ao se colocarem no lugar umas das outras.

“No dia a dia das empresas, o maior problema é a falta de comunicação. Toda companhia trabalha por uma causa, mas as pessoas acabam se esquecendo disso e pensam só no papel que elas desempenham lá dentro. Na verdade, tudo está interligado. É o grupo que faz acontecer”, diz ele.

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Levar o design para dentro das empresas ainda é apenas uma ideia e surgiu quando Rosenbaum estava na França, desenvolvendo um dos workshops de verão do museu Domaine de Boisbuchet, entre 7 e 13 de julho deste ano. Pelo programa – realizado em parceria com o Centro Georges Pompidou e o Vitra Design Museum -, anualmente, durante dois meses, designers e arquitetos do mundo todo se reúnem para vivenciarem experiências criativas, no castelo que fica no sudoeste do país europeu.

Este ano, o tema das aulas de Rosenbaum foi “Design para a Humanidade”. Na ocasião, ele apresentou os conceitos do projeto “A Gente Transforma”, pelo qual percorre regiões remotas do Brasil, resgata as tradições desses lugares e gera renda para as comunidades através da memória traduzida em design.

À época do workshop, estavam em exposição no museu kimonos feitos de “Boro”, uma técnica japonesa que vem do patchwork (espécie de costura de retalhos). Inspirado na mostra, o designer brasileiro propôs, então, que os participantes de sua classe produzissem uma peça única, mas que tivesse a identidade de todos. Assim, cada um dos integrantes contava uma história de sua infância e, juntos, encontravam algum fragmento que era comum a todas as narrativas.

“Cada um começou a bordar algo que tivesse um significado para si, eram partes de várias histórias que contavam uma única. O resultado foi um kimono com uma beleza e subjetividade impressionistas. Uma peça forte e muito bonita”, descreve o designer, orgulhoso da obra.

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Entre os alunos de Rosenbaum, havia quatro brasileiras. Uma delas, era diretora de marketing de uma grande empresa nacional. Segundo ele, a executiva estava descrente com o trabalho e pensava em pedir demissão, mas saiu da experiência disposta a renovar a forma de trabalho em sua companhia. Foi aí que ele teve a ideia de expandir o projeto para o mundo corporativo.

“O design e a cocriação permitem uma troca de informações, possibilitam o entender e se colocar na posição do outro, como se a história dele pudesse ser a sua”, explica Rosenbaum. É exatamente isso o que ele diz fazer no “A Gente Tranforma”, em que uma equipe multidisciplinar de profissionais trabalha o exercício de se manter em equilíbrio pensando na causa maior do projeto: “reconquistar a cultura e a autoestima das comunidades, dentro do que elas querem e sem contaminá-las com culturas externas”.

“Nós levamos uma parte, e trazemos outra. Este aprendizado, a gente pode levar para uma empresa. E tem que ser uma vivência experiencial mesmo. É colocar executivo para bordar, para pensar na memória. Acho que todo mundo ganha com ideias cocriadas”, reforça o designer.

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