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A&C de fevereiro: a linha tênue que separa (ou une) a arte e a arquitetura

Confira a carta do diretor de redação da ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO, Alexandre Ferreira, publicada na edição de fevereiro de 2015

Por Da redação
Atualizado em 20 dez 2016, 16h57 - Publicado em 4 fev 2015, 14h39
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Um de meus hábitos favoritos é caminhar pelas ruas e observar os diversos estilos arquitetônicos de São Paulo. Os 461 anos de história desenharam formas heterogêneas, fruto da diversidade das culturas que aqui se instalaram. Alguns se sentem agredidos pela falta de harmonia. Para mim, a variedade instiga. E, quando vejo uma casa sendo erguida ou reformada, dá aquela vontade de olhar, mesmo que rapidamente, para entender o projeto.

Sempre que isso acontece, enceno mentalmente o seguinte diálogo: pergunto ao responsável se posso entrar um pouquinho, sem incomodar, apenas para olhar. Ele se desculpa com gentileza e diz não ter autorização para permitir a presença de estranhos. Insisto tentando explicar que trabalho numa revista de arquitetura. Ele, mais convencido de minhas intenções, faz um telefonema e autoriza o pedido. Pena que a pressa do dia a dia me impede de travar essas conversas e, quem sabe, conhecer por dentro os projetos bacanas que vejo por aí. Mas minhas visitas seguem imaginárias.

A última vez que senti esse desejo aconteceu enquanto caminhava perto de casa. Acompanhei, por meses, a construção de certa residência atrás de um muro negro. Dava para enxergar o lindo brise amarelo na fachada. Tinha a sensação de que a obra merecia o tal bate-papo. Porém, nunca aconteceu.

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Imagine, então, minha surpresa quando reconheci aquele quebra-sol nas belas fotos de Salvador Cordaro para a matéria Efeito Solar (pág. 38)! Produzida pela editora visual Deborah Apsan e escrita pela editora Denise Gustavsen, a reportagem finalmente me apresentou ao trabalho de Vanessa Féres: iluminado, com uma deliciosa piscina revestida de pedras vulcânicas e paisagismo de Alex Hanazaki. A foto ao lado é melhor do que qualquer imagem que pude fantasiar. Elegância indiscutível e prova de que arquitetura é arte.

 

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