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50 internautas contam quais são suas orações diárias

Existem diferentes maneiras de falar com Deus. Conheça formas, compartilhadas pelos leitores de BONS FLUIDOS, de trazer o divino para o dia a dia: histórias de quem acredita no poder da fé.

Por Texto Lucila Vigneron Villaça | Reportagem visual Tiago Cappi | Design Roberta Jordá
Atualizado em 20 dez 2016, 22h44 - Publicado em 28 nov 2012, 12h14

Todos os dias, seguidores do budismo vão à cidade de Yangon, em Mianmar, entoar cânticos junto à Rocha Dourada, terceiro maior lugar de peregrinação budista no mundo. Ali, os devotos meditam, fazem oferendas e aproveitam também para colar quadradinhos de papel dourado na pedra, em ritos de fé que encontram reforço no sítio sagrado. Porém, não é preciso ir tão longe, ou mesmo estar em um templo para cada um se encontrar com sua alma. Independentemente da religião, quase todo mundo tem algum ritual ou oração que faz parte de seus hábitos diários – ou para os quais recorre em momentos específicos: são pedidos de proteção, força, equilíbrio. Mas, para além de súplicas, essa prática representa uma conexão pessoal com o divino. Uma conversa íntima, pessoal, que parece preencher nossa alma. Nos faz sentir mais inteiros, acompanhados. Essa sensação de não estarmos sós, acredite, pode transformar o dia a dia.

50 internautas compartilharam suas maneiras de orar diariamente. Confira na galeria abaixo.

 

Histórias de oração

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A vendedora catarinense Maria José dos Santos, moradora de São Paulo, por exemplo, não sai da cama sem antes dizer sua oração pessoal – o texto é uma compilação, feita por ela mesma, de trechos de várias preces. “Eu a endereço a Deus e ao Anjo da Guarda. Nesse momento, sinto que converso com um amigo para o qual não preciso mentir”, conta. Depois, o dia pode começar. Quem também procura falar com Deus logo cedo é a fitoterapeuta paulista Suzana Cunha. “Logo que acordo, com os olhos ainda fechados, agradeço por tudo que tenho: minha família, meus animais, meu alimento e meu trabalho. Esse agradecimento me fortalece e me nutre diariamente”, diz. Ela está certa. De maneira intuitiva, tanto Suzana quanto Maria José encontram em seus rituais um jeito de manter o equilíbrio. “O grande benefício das conversas com Deus é a saúde no sentido amplo da palavra: bem-estar integral e disposição para viver a vida fazendo com que cada desafio seja uma oportunidade de crescimento rumo à realização plena”, afirma a teóloga Ceci Baptista Mariani, professora da PUC de Campinas, do Instituto São Paulo de Estudos Superiores e do Centro Universitário Salesiano de São Paulo. E quem quer coisa melhor do que se sentir bem e fortalecido?

 

Toda maneira vale a pena

O caráter pessoal dessa conexão com Deus é tão importante que as formas de fazê-la podem ser as mais variadas. Há quem se dedique à meditação, como a artista plástica paulistana Graziela Pinto: “Me sinto forte e poderosa”, diz. Já Mairlon Melo, estudante de produção editorial no Rio de Janeiro, criou uma oração própria, inspirada na canção That I Would Be Good, da cantora canadense Alanis Morissette. “Eu a escrevi num momento de tristeza, pensando no que um amigo sincero me diria. Tem me ajudado muito. Recito todas as manhãs para iluminar o meu dia”, fala ele. Para a designer paulista Karina Keller o que a conecta com sua alma é um tipo de contato muito especial: “Antes de iniciar as tarefas diárias e no fim da jornada, preciso passar um tempo com meus cachorros e gatos. O ronronar dos bichinhos me põe em sintonia com meus batimentos cardíacos e controla o fluxo de pensamentos. É um freio perante a ansiedade. E me faz refletir como todos os seres vivos são especiais”, afirma. Esses efeitos positivos não são apenas sensações, e têm fundamento científico, ligado ao funcionamento do cérebro: “A química cerebral é responsável por mudar o estado de um indivíduo não só mentalmente como também fisicamente. Um faquir aguenta ficar numa cama de pregos porque concentra-se para pensar apenas em situações prazerosas. O cérebro reage a esse estímulo liberando substâncias de prazer, que são também analgésicas”, explica o neurologista Deusvenir de Souza Carvalho, professor da Escola Paulista de Medicina (Unifesp). 

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Segundo ele, a oração, ou um ritual espiritual, teria o mesmo poder. “Quem reza ou se dedica a algum rito espiritual tem fé. Ou seja, acredita em seus pedidos. Esse desejo tem força para ativar determinadas áreas do cérebro que enviam mensagens de conforto, bem-estar, tranquilidade. Enfim, nossa mente pode ser programada para amarmos a vida”, completa. E não importa de que maneira você faça isso: a repetição de palavras, como num mantra, por exemplo, induz a focar a mente. O mesmo vale para uma oração recitada. “Sem distrações nos pensamentos, conseguimos nos distanciar de uma situação difícil”, fala a psicóloga junguiana Maria Elizabeth Fontes.

 

Efeito multiplicador

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E o melhor é que os benefícios da fé não se restringem apenas a nós mesmos: a transformação interna que obtemos acaba se estendendo aos outros. “Quando nos conectamos com o divino, nos sentimos seguros e acolhidos. Então, percebemos que tudo passa, tudo tem dois lados, todo mundo tem defeitos e qualidades. Essa modificação em nossa atmosfera interna acaba irradiando para fora, como consequência da mudança de nossas atitudes”, diz Maria Elizabeth. A secretária aposentada paulista Regina Oliveira conhece bem esses efeitos positivos, pois os vivencia diariamente. Antes de sair de casa, faz uma mentalização simples: “Que eu tenha a palavra certa, na hora certa, para a pessoa certa”. Impregnada desse desejo, recebe retornos das pessoas mais variadas que encontra. “Sempre escuto: ‘Puxa, era o que eu precisava ouvir’; ‘Que bom que você cruzou meu caminho’. Nessas horas, sinto gratidão por essa ajuda que chega a mim e me transforma num canal para auxiliar os outros. É como se estivesse cumprindo uma missão sem alardes nem fogos de artifício. Sutilmente, num trabalho de formiguinha”, conta. Sim, acreditar pode fazer a diferença.

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