Uso criativo de revestimentos deixou este apê mais charmoso
Nada como a confiança! Neste apartamento – o segundo projeto para a mesma família –, o designer de interiores Fabio Galeazzo teve total liberdade para usar pisos, paredes e portas como carros-chefe da proposta

Nem a experiência de 15 anos à frente de um escritório de design e arquitetura torna instantâneo o processo de criação. É preciso labutar. “Meu prazer está nos revestimentos. Fico pensando, pensando, e, então, surge a ideia que orienta a combinação de cores, texturas e padrões”, diz Fabio Galeazzo. Neste apartamento paulistano de 250 m², onde vivem um casal e sua filha, de 7 anos, não foi diferente. Sabe-se lá como, quando planejava os acabamentos para o imóvel comprado na planta, o designer de interiores produziu um encontro fictício entre o paisagista Roberto Burle Marx (1909-1994), cujo nome foi emprestado ao parque vizinho do prédio, e a grife Missoni. Um encontro de estilos, claro, em que a marca italiana de moda trouxe seu típico zigue-zague, enquanto os jardins e as telas do brasileiro, também artista plástico, sugeriram tonalidades e arranjos. Dessa confluência nasceu o marcante piso de ladrilhos hidráulicos hexagonais.
Como nos projetos de Burle Marx (em que as nuances não se misturam, mas formam blocos bem definidos), aqui os seis tons eleitos traçam faixas diagonais que, depois de passearem pela área social, espraiam-se até a cozinha. Nela, os ladrilhos cinza governam. “Quis imprimir certa cara de estufa no apartamento, já que ele se volta para o parque”, explica o profissional. “As paredes, livres de rodapé, levam cimento queimado, e as divisórias entre sala, espaço gourmet e cozinha empregam ferro delgado, pintado de preto.”
Nesse último ambiente, quem deu as cartas foi o morador, dono de restaurante. Ele encarregou Fabio de conceber uma ilha grande o bastante para somar cooktop a área de trabalho e balcão – tudo desenhado para promover a praticidade, até a localização da geladeirinha de cervejas, que fica à vista dos convidados a fim de que eles mesmos se sirvam. Bom jeito de fazer as pessoas se sentirem em casa, como um chef sabe que deve ser.









