A localização desta casa é estratégica. Bastou vencer o terreno inclinado para ganhar acesso ao lazer e à paisagem
Por Por Simone Raitzik (visual) e Joana L. Baracuhy (texto) | Projeto Desenho Brasileiro
Atualizado em 9 set 2021, 09h26 - Publicado em 3 set 2018, 15h00
Em uma metrópole organizada ao longo da beira-mar, onde os deslocamentos de um extremo ao outro são difíceis – e os terrenos livres, cada vez mais escassos –, o lote num condomínio fechado no meio dessa faixa edificada surgiu como rara oportunidade. “O casal procurou durante muito tempo até encontrar um lugar bacana. Queria uma solução de compromisso, afinal ela trabalha na Barra e ele, em Botafogo”, descreve a arquiteta Patricia Fendt, do escritório carioca Desenho Brasileiro.
Mas o processo estava apenas começando, uma vez definido o endereço: faltava planejar um modo de construir no terreno íngreme, que se estende morro acima até as pedras e termina imerso na mata. “Havia poucos trechos planos na área escolhida. Em compensação, a vista…”, continua a autora do projeto, explicando por que previu encaixar a casa num platô existente, apoiado em um arrimo antigo (são as pedras que você vê ao fundo desta foto), reforçado na obra. Obra esta, aliás, que custou a sair. “A aprovação levou mais de um ano, por causa dos aspectos ambientais. Hoje, esse trâmite está mais ágil”, pondera Patricia, contratada pelos clientes quando eles tinham apenas uma ideia na cabeça, a respeito do processo que consumiu quatro anos no total.
Se o ponto de partida foi certeiro – o pedido era uma linguagem arquitetônica inspirada num projeto de 2007 da profissional –, o meio do caminho apresentou percalços típicos, mas não óbvios, desse tipo de empreitada. Por exemplo, foi trabalhoso moldar a estrutura de concreto, bela a ponto de ficar à vista, e estabelecer canais laterais para escoar a água que desce da montanha quando chove. “O solo rochoso é pouco permeável, ali se forma uma verdadeira cascata”, esclarece ela. No mais, os pedidos foram plenamente realizados: a ênfase no lazer, o acesso à paisagem e a integração com a natureza. “A parte de trás da casa ficou tão aberta à vegetação que dispensou completamente o paisagismo”, conclui Patricia.