A localização desta casa é estratégica. Bastou vencer o terreno inclinado para ganhar acesso ao lazer e à paisagem
Por Por Simone Raitzik (visual) e Joana L. Baracuhy (texto) | Projeto Desenho Brasileiro
Atualizado em 9 set 2021, 09h26 - Publicado em 3 set 2018, 15h00
Inserida em um bairro relativamente afastado da praia, a construção desfruta de outros atrativos naturais. A mata próxima e a pedra da Gávea, no alto, não deixam dúvidas de que estamos no Rio de Janeiro.
(Foto: Andre Nazareth/)
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Em uma metrópole organizada ao longo da beira-mar, onde os deslocamentos de um extremo ao outro são difíceis – e os terrenos livres, cada vez mais escassos –, o lote num condomínio fechado no meio dessa faixa edificada surgiu como rara oportunidade. “O casal procurou durante muito tempo até encontrar um lugar bacana. Queria uma solução de compromisso, afinal ela trabalha na Barra e ele, em Botafogo”, descreve a arquiteta Patricia Fendt, do escritório carioca Desenho Brasileiro.
Do piso ao teto, as portas correm soltas da estrutura (não encostam nos pilares) para um efeito mais leve. Presentes na frente e nos fundos, as esquadrias de alumínio cinza-chumbo (quatro trilhos em cada lado) garantem a ventilação cruzada e dão ao living um clima de varanda. (Andre Nazareth/Divulgação)
Mas o processo estava apenas começando, uma vez definido o endereço: faltava planejar um modo de construir no terreno íngreme, que se estende morro acima até as pedras e termina imerso na mata. “Havia poucos trechos planos na área escolhida. Em compensação, a vista…”, continua a autora do projeto, explicando por que previu encaixar a casa num platô existente, apoiado em um arrimo antigo (são as pedras que você vê ao fundo desta foto), reforçado na obra. Obra esta, aliás, que custou a sair. “A aprovação levou mais de um ano, por causa dos aspectos ambientais. Hoje, esse trâmite está mais ágil”, pondera Patricia, contratada pelos clientes quando eles tinham apenas uma ideia na cabeça, a respeito do processo que consumiu quatro anos no total.
Trata-se desta mesma caixilharia de pé-direito duplo (6,5 m) que inclui janelas máximo-ar, boas para ventilar. (Andre Nazareth/Divulgação)
Se o ponto de partida foi certeiro – o pedido era uma linguagem arquitetônica inspirada num projeto de 2007 da profissional –, o meio do caminho apresentou percalços típicos, mas não óbvios, desse tipo de empreitada. Por exemplo, foi trabalhoso moldar a estrutura de concreto, bela a ponto de ficar à vista, e estabelecer canais laterais para escoar a água que desce da montanha quando chove. “O solo rochoso é pouco permeável, ali se forma uma verdadeira cascata”, esclarece ela. No mais, os pedidos foram plenamente realizados: a ênfase no lazer, o acesso à paisagem e a integração com a natureza. “A parte de trás da casa ficou tão aberta à vegetação que dispensou completamente o paisagismo”, conclui Patricia.
1/13 Inserida em um bairro relativamente afastado da praia, a construção desfruta de outros atrativos naturais. A mata próxima e a pedra da Gávea, no alto, não deixam dúvidas de que estamos no Rio de Janeiro. (Foto: Andre Nazareth)
2/13 Abraçada pela mata, a construção desfruta de agradáveis zonas de sombra. Na fachada frontal, o beiral surge como um prolongamento da laje de concreto, que avança e protege os quartos de chuva e sol. Ele também resguarda o ripado de madeira, que traça uma linha horizontal no andar superior. (Foto: Andre Nazareth)
3/13 A sala de estar tornou-se um delicioso e amplo belvedere, repare na vista à frente. Da mesma condição desfruta quem se refresca na piscina. (Foto: Andre Nazareth)
4/13 Do piso ao teto, as portas correm soltas da estrutura (não encostam nos pilares) para um efeito mais leve. Presentes na frente e nos fundos, as esquadrias de alumínio cinza-chumbo (quatro trilhos em cada lado) garantem a ventilação cruzada e dão ao living um clima de varanda. (Andre Nazareth/Divulgação)
5/13 Interessada em evidenciar as estruturas e adotar um mínimo de acabamentos, a arquiteta especificou um porcelanato (linha Metropolitan, 80 x 80 cm, da Roca Cerâmica) que imita cimento queimado para toda a área social – essa medida ainda garantiu bom preço. (Foto: Andre Nazareth)
6/13 O escritório, no segundo andar, fica nivelado com o trecho mais alto do terreno, uma espécie de platô, e se abre às árvores. Repare na face envidraçada (à dir., na foto) que delimita os fundos da construção. (Foto: Andre Nazareth)
7/13 Trata-se desta mesma caixilharia de pé-direito duplo (6,5 m) que inclui janelas máximo-ar, boas para ventilar. (Andre Nazareth/Divulgação)
8/13 A abundância de luz natural da cozinha se deve aos basculantes sem clipes (bordas), do tipo gelosia – um achado da arquiteta, que escolheu as peças inspirada na tradição modernista. (Foto: Andre Nazareth)
9/13 Com funcionamento do tipo camarão, as ripas de madeira se somam a folhas cegas que se abrem para dentro, dispensando cortinas. Internamente, portas de correr de vidro ainda evitam a fuga do ar condicionado. (Foto: Andre Nazareth)
10/13 Dos quartos, avista-se também a área de lazer, distribuída em suaves patamares: piscina com deck, seguida de churrasqueira e sauna, descendo para a garagem e a rua. A árvore no centro foi preservada durante a obra. (Foto: Andre Nazareth)
11/13 Aplicada nos quase 200 m² de piso externo, a pedra miracema clara, chamada olho de codorna, provou-se excelente: não é rugosa demais nem escorrega. Ainda custou cerca de R$ 20 o m², representando boa economia nos acabamentos. (Foto: Andre Nazareth)
12/13 A porta amarela dá acesso a quem chega a pé (à esquerda fica o portão da garagem). Mais 2,80 m acima, alcança-se este patamar, de serviços e apoio. Depois, a área de lazer e social e, por fim, os ambientes íntimos, no alto. (Ilustração: Campoy Estúdio)