Reforma deixou construção de 113 m² integrada e naturalmente iluminada
Antes escura e mal distribuída, a casa paulistana ganhou vida nova e o casal de moradores, que decidiu selar a união logo no início da obra, agora desfruta de luz, espaço e aconchego
Por Texto Lyna Barbosa | Produção Mayra Navarro
Atualizado em 9 set 2021, 14h07 - Publicado em 15 jan 2016, 09h00
Reforma deixou construção de 113 m² integrada e naturalmente iluminada
(Fotos: Evelyn Müller/)
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“Era um sobrado velho, escuro e atravancado. Pior, totalmente destruído. A laje no corredor lateral barrava a entrada de claridade no térreo. Bem no meio da sala, a escada atrapalhava a circulação. Nem a garagem maltratada escapava desse cenário desolador. Algo, porém, me agradou: só era geminado de um lado – o outro dava para uma esquina contornada com árvores floridas. Foi naquele local da casa sombria, a primeira que vi no Planalto Paulista, bairro onde meus pais moram, que o coração bateu forte. Essa sensação definiu o negócio. Devemos mirar além do que nossos olhos veem para vislumbrar o potencial de certo lugar. Renovado, pode se tornar um refúgio prazeroso.
Eu tinha passado cerca de dois anos procurando apartamento em Higienópolis, na região central de São Paulo, pois queria morar perto do Studio Arthur Casas, onde trabalhava na época e descobri a importância dos detalhes. No entanto, os preços eram estratosféricos. Quando tirei essa ideia fixa da cabeça, minha casa apareceu, e, com ela, o compromisso de casamento. Meu namorado decidiu investir na reconstrução comigo. Pontuada com minúcias, a obra durou 14 meses e só terminou às vésperas da troca de alianças. Por sorte, família, amigos e empresas parceiras ajudaram na aquisição de alguns materiais. Eduardo e eu bancamos o restante, que nos custou aproximadamente R$ 200 mil.
Foi um dos primeiros projetos da minha carreira solo, e dos mais intrincados. Para chegar ao formato desejado, tive de rebaixar o piso, remanejar a escada, recriar portas e ampliar as aberturas – soluções que promoveram o diálogo entre os espaços internos e externos. Agora, da cozinha vejo a sala e o quintal. Não somos um casal gourmet de carteirinha, mas adoramos receber bem. Com o novo layout, podemos desfrutar e oferecer muito mais conforto. No pavimento superior, ganhamos um gostoso terraço colado em nosso quarto, junto à copa das árvores. Enxerguei neste endereço a possibilidade de usar vários recursos de arquitetura a fim de dar forma a uma morada que nos abraça e nos acolhe, de onde não queremos mais sair” – Vanessa Martins Miranda, arquiteta e moradora.
1/10 Quando boa parte da laje acima do corredor (2 m de largura) veio abaixo, o lugar se tornou uma agradável passagem, ladeada pelo canteiro de grama-amendoim. Mudas de falsa-vinha escalam o muro, e o piso foi revestido de quartzito (A. Pelucio). É um dos lugares favoritos dos moradores e do rottweiler Athos. (Fotos: Evelyn Müller)
2/10 Sobre estrutura metálica, a bancada de cruzeta – tipo de madeira de demolição – abriga o cooktop de um lado e, do outro, superfície de suporte à mesa de jantar. Na parte mais alta, a peça, desenhada pela arquiteta, alcança 1 m de altura e serve de apoio a quem estiver de pé. Coifa da falmec. (Fotos: Evelyn Müller)
3/10 A cozinha (Pica-Pau Marcenaria) traz painel de aço inox Smart Kit (Mekal). Os rasgos permitem encaixar suportes que organizam itens pequenos. (Fotos: Evelyn Müller)
4/10 Paredes de drywall (10 cm de espessura) embutem totalmente as portas de correr para integrar as salas ao quintal. (Fotos: Evelyn Müller)
5/10 Parte da marcenaria da cozinha, portas venezianas de ripas de MDF laqueado (3 cm de largura), com vão de 2 cm entre elas, escondem o aparelho de ar condicionado. Tratados com resina fosca (Bona), tacos de tauari (RB Pisos de Madeira) de 7 x 40 cm revestem o chão da sala e um trecho da cozinha. Uma laje substituiu o antigo assoalho que também funcionava como forro da sala de estar e foi finalizada com gesso e pontos de luz (spots da Lumini). Colado na marcenaria que encobre todos os comandos eletrônicos da casa, o lavabo (1,80 m²) integra o cenário sem chamar a atenção. A escada é nova: como não poderiam interferir na parede compartilhada com o vizinho, os 13 degraus de cruzeta (27 x 80 cm) foram parafusados na estrutura metálica pintada de cinza-claro (Suvinil, ref. fumaça de lareira, e370) – que, por sua vez, fica parafusada na laje e chumbada na alvenaria embaixo. Projeto e execução da Construmet. (Fotos: Evelyn Müller)
6/10 Da laje demolida no corredor restou uma área de 10 m², transformada no terraço da suíte principal. (Fotos: Evelyn Müller)
7/10 Para aproveitar bem os 3,50 m² deste banheiro, a bancada ganhou um nível para a cuba (Deca) e outro mais baixo, com compartimento laqueado de amarelo, para a roupa suja. O espelho esconde um armário suspenso. No piso, porcelanato Cement (60 x 60 cm), da coleção City, e, nas paredes, pastilhas da linha Blocks (2,5 x 7,5 cm) – ambos da Portobello. (Fotos: Evelyn Müller)
8/10 Originalmente, o desnível entre o interior e o exterior era de 20 cm. a moradora estava conformada a levantar o chão da área externa quando foi surpreendida pela sugestão do engenheiro responsável pela obra de aplanar o piso da própria casa. a solução aumentou o pé- -direito de 2,35 m para 2,55 m. (Fotos: Evelyn Müller)
9/10 Ao levar a escada do centro para a lateral da sala, Vanessa livrou o ambiente de barreiras. Como ela já tinha sido executada quando decidiu nivelar o térreo, a arquiteta lançou mão de um platô de madeira e um degrau de limestone na base para compensar a diferença de altura. (Fotos: Evelyn Müller)
10/10 O tracejado vermelho indica as áreas demolidas, caso da escada, que sufocava a circulação no centro da casa e mudou de lugar. Em azul, as áreas construídas. (Fotos: Evelyn Müller)