O mar é detalhe: casa no alto da serra é aberta para a paisagem
A afirmação parece um exagero, mas não se observadas as escolhas dos donos desta casa em Mangaratiba, RJ
Por Joana L. Baracuhy
Atualizado em 9 set 2021, 12h39 - Publicado em 3 ago 2017, 17h36
A Serra do Mar está sempre ao alcance dos olhos. Sobretudo no primeiro andar, mas também no térreo,
bastante integrado. Espécie de belvedere, o prolongamento do deck sugere maior conexão com a cozinha, feita pelo passa-pratos ao fundo.
(Divulgação/MCA Estúdio)
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Um anos após a reforma de um simples banheiro, o arquiteto Marcelo de Souza Moura, do escritório Tripper Arquitetura, foi acionado novamente pelos clientes. Dessa vez, o assunto era a construção de um refúgio de veraneio.
“O casal tinha se definido por um condomínio em Mangaratiba, a 90 km do Rio, e me pediu ajuda para encontrar um terreno e planejar a casa”, elucida Marcelo. Entre as opções disponíveis no lugar – lotes voltados para o mar, para o canal (onde passeiam veleiros e lanchas) ou no que chamam de “fazenda”, a porção 40 m acima do nível do mar –, ele indicou a última.
Duas linhas reforçam a horizontalidade da construção: a viga sobre o térreo e a da cobertura, a primeira com 45 cm e a segunda, mais leve, com 40 cm de largura. Parte dos pilares de aço fica encoberta pela alvenaria. A exceção ocorre na sala, onde os perfis metálicos (20 x 20 cm) se confundem com as esquadrias. (Divulgação/MCA Estúdio)
Marcelo explicou que daria para usar o valor economizado na compra dos 5 520 metros quadrados no trecho elevado (solução até 50% mais econômica que as demais), na construção.
E garantiu ser possível empregar esse dinheiro para erguer uma área de lazer bem completa (com sauna, salão de jogos e piscina) e com vários níveis tocando o solo. Além do mais, o oceano estaria a apenas cinco minutos dali.
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Item da maior importância, a piscina é uma robusta caixa de concreto armado erguida sobre o solo. Além deste trecho de raia com borda infinita – onde a regra é debruçar-se e apreciar a paisagem –, o tanque tem anexo uma prainha com hidromassagem. Cada parte foi dotada de um sistema de aquecimento independente. (Divulgação/MCA Estúdio)
A implantação do projeto foi pensada meio enviesada para a rua, o que assegurou privacidade quanto ao vizinho e vista plena da mata, além de um mínimo de movimentação do solo.
Para driblar as dificuldades de trabalhar no local, o arquiteto preferiu fazer a estrutura com perfis de aço (em vez de concreto e alvenaria, fôrmas e moldes). E, assim, vigas de 6 m foram carregadas até o alto e depois soldadas. O mesmo esforço se verificou no caso das lajes pré-moldadas, no entanto a rapidez e a limpeza finais compensaram.
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Voltar a casa para o melhor cenário significava abri-la para o sol forte da tarde. Daí o largo corredor periférico (1,20 m), que evita a incidência direta sobre os quartos. Os brises ajudam na tarefa: mudam de posição conforme a época do ano e o ângulo dos raios solares. Sem corrimão, o guarda-corpo de vidro laminado incolor (duas folhas de 10 mm cada uma) não cria obstáculos. (Divulgação/MCA Estúdio)
A intenção de trocar as ondas pela montanha ganhou corpo à medida que a obra avançou – o marco definitivo foi a churrasqueira subterrânea, pensada para desfrute do filho adulto dos proprietários mesmo em dias de chuva.
Durante os trabalhos, decidiu-se construir esse espaço para o jovem filho do casal. A fim de não incomodar quem estivesse relaxando em cima, a churrasqueira nasceu enterrada, perto da piscina. A cobertura do ambiente serve como um belvedere. É palco de agradáveis cafés da manhã ao ar livre. (Divulgação/MCA Estúdio)
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Os donos da casa se deleitam especialmente com a vista panorâmica – que alcança cordilheiras em duas fachadas – e o fazem regularmente, no verão e no inverno. A praia? Bem, ela segue lá embaixo, mas nem de longe é o foco das atenções.
1/7 Os materiais demarcam a setorização desejada pelo arquiteto. Embaixo, fica o bloco de lazer, revestido pelo ripado de cumaru (Cavazzoni Marcenaria). O térreo ganhou pedra do tipo canjiquinha no entorno, para parecer um volume sólido que ampara o andar superior– muito fluido, marcado pelos brises. Imperceptível, a cobertura (1% de inclinação) reúne laje com manta asfáltica ardosiada e argila expandida para barrar o calor. (Divulgação/MCA Estúdio)
2/7 O bloco da cozinha, que tem a sala de jantar à frente, ganhou revestimento de pedra são tomé filetada, marcando a alternância entre partes vedadas e transparentes, envidraçadas. (Divulgação/MCA Estúdio)
3/7 No estar, revela-se a integração com a mata, promovida pelas enormes portas de correr de vidro laminado 10 mm e alumínio com pintura eletrostática preta e fosca (Arte Maior). (Divulgação/MCA Estúdio)
4/7 Silêncio e visual panorâmico foram reservados aoandar superior, local dos quartos, que se abrem inteiramente para um corredor-varanda frontal. (Divulgação/MCA Estúdio)
5/7 Nos fundosdos dormitórios, há outra circulação (assim a ventilação cruzadafica garantida), com acesso a um patamar ajardinado de 4 m. (Divulgação/MCA Estúdio)
6/7 No banheiro, notam-se a presença da pedra preta hitam lisa (Palimanan) e da claraboia, que deixa o vapor e o ar quente saírem e a luz entrar – filtrada pelas ripas de madeira postadas no caminho do sol. (Divulgação/MCA Estúdio)
7/7 Área: 427 m²; projeto: Marcelo de Souza Moura (autor), Fabio Barbosa (projeto executivo), Gabriela Perez Chaves (projeto executivo) e Mariana Santiago (estagiária); execução: Driannus Construtora; cálculo estrutural e projeto de instalações: Madson André de Freitas / MF Engenharia; paisagismo: Arteiro; projeto de Iluminação: NTZ Iluminação Arquitetônica (Ilustração/Campoy Estúdio)