Matriz de estantes compõe fachada luminosa em vilarejo chinês
Biblioteca une tradição e tecnologia para homenagear herança secular da região
Em Ping Tan, China, a arquitetura tradicional vem cedendo espaço para construções em concreto, em um claro efeito da modernização das cidades. Mas a ideia do laboratório de pesquisa de design Condition_Lab (baseado na Escola de Arquitetura da Universidade Chinesa de Hong Kong – CUHK) para uma nova biblioteca comunitária era diferente.
No vilarejo rural, o projeto parte dessa alteração na paisagem arquitetônica para justamente homenagear a herança secular da região, com suas aldeias construídas inteiramente com abeto chinês.
Assim, os arquitetos apresentam a Casa do Livro Pingtan como uma estrutura de madeira que resguarda o DNA arquitetônico local. A intenção é despertar nos moradores um sentimento de maravilhamento pelo seu patrimônio. Ao mesmo tempo, esta obra de arquitetura respeita a história local e avança em busca da modernização.
Segundo os autores do projeto, a biblioteca se destaca como um patrimônio vivo que poderá conectar e inspirar os visitantes – especialmente as crianças – permitindo que se envolvam diretamente e apreciem sua cultura.
Madeira e policarbonato
A Casa do Livro Pingtan foi construída inteiramente com madeira da região e, na fachada, painéis de policarbonato – o único material “estranho” à tradição local. Graças à sua transparência, os painéis permitem que a luz do sol penetre durante o dia e ilumine a fachada à noite.
Internamente, a biblioteca toma forma de uma escada de ‘volta infinita’, cercada pela fachada translúcida. Ao longo do percurso ascendente, os visitantes interagem com as estantes e seus livros.
Colaboração comunitária
Desde o início, o Condition_Lab não trabalhou sozinho. Ao contrário, firmou uma estreita colaboração com carpinteiros locais e estudantes de arquitetura da CUHK. Segundo a equipe, os principais atributos do projeto foram: ser local, ser lento e escutar a comunidade.
Desta forma, com a participação da comunidade, os arquitetos conquistaram a confiança dos moradores e do diretor da escola. Isso permitiu a criação de uma narrativa social que também ajudou na busca por apoiadores e patrocinadores do projeto.
Por fim, a Casa do Livro Pingtan é a segunda biblioteca da equipe projetada e construída na área. A primeira situa-se a dez quilômetros de distância e serve como ‘irmã mais velha’ neste novo grupo de intervenções. Cada projeto revive a tipologia tradicional da casa de madeira ‘galan’, adaptando-a a um design contemporâneo ao reinterpretar elementos como escadas, paredes, janelas e pisos.
*Via Desigboom