Crônica: sobre praças e parques

As cidades e o desejo coletivo por áreas livres e abertas à convivência

Por Da Redação
Atualizado em 9 set 2021, 13h31 - Publicado em 27 jan 2017, 16h38
Crônica: sobre praças e parques
Crônica: sobre praças e parques  (Ilustração: Marcella Briotto/)
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Qual a diferença entre um parque e uma praça? O que faz com que um local seja chamado de um jeito ou de outro? Há lugar que já foi parque e hoje é praça; e vice-versa. Tem praça verde, praça seca, parque com grade, parque sem grade. A questão não é o nome, mas o que esses lugares oferecem como espaço público. 

Público? Pensemos sobre uma metrópole como São Paulo. O novo prefeito quer privatizar e a sociedade cada vez mais exige áreas de uso comum de qualidade. Zonas de livre acesso, das quais todos possam usufruir, onde o convívio entre diferentes seja possível: crianças, idosos, skatistas, bebês, mendigos, o simples passante que para com a intenção de descansar ou o grupo de adolescentes saindo da escola.

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Parque Buenos Aires, em São Paulo. (Foto: Reprodução/ Instagram/ @parquebuenosaires)

A questão principal é que ainda precisamos aprender a partilhar esses ambientes – é o que vai fazer com que eles se qualifiquem. Logo, a apropriação por parte dos usuários é a única possibilidade. Se a gestão vai ser do governo ou privada, já é outra discussão. Se essa administração deixar o acesso liberado, não segregar ninguém e mantiver tudo muito bem cuidado, por que não dividir as contas? 

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Não se trata de vender espaço público. Até porque, se a iniciativa particular não cuidar direito, a prefeitura passa para outro candidato. Um bom exemplo? O High Line, em Nova York, tão divulgado no mundo inteiro, é privado – e, além de sua qualidade Excepcional, foi capaz ainda de gerar recursos para a prefeitura. Tudo depende da regulação, a qual deve ser bem definida. Caso contrário, o encarregado pode atuar conforme o seu interesse e isso, definitivamente, não será em favor de todos. 

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 High Line, em Nova York. (Foto: Reprodução/ Instagram/ @highlinenyc)

Estamos tão carentes de áreas abertas que acabamos ocupando pontos sem mínimas virtudes para o lazer. Pobres de nós, que precisamos brigar para utilizar uma pista elevada de asfalto, sem sombra, sem mobiliário urbano adequado e achar que está tudo bem. Não, não está!

*Silvio Oksman é arquiteto, graduado, mestre e doutorando pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), além de professor da Escola da Cidade e sócio do Metrópole Arquitetos.

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