Casal de arquitetos reforma o próprio apartamento
Espaço foi palco para experiências e inovações, como o piso ebanizado e a parede de lambri metálico
O casal de arquitetos Marina Cardoso de Almeida e Bruno Araujo anda sempre em busca de novas ideias. Muitas vezes, porém, tamanha criatividade acaba vetada por clientes mais conservadores. “Diante de uma proposta inusitada, nos perguntam: ‘Vocês já viram isso em algum lugar?’ Na maioria dos casos, a resposta é não, trata-se de algo surgido na minha cabeça”, diz Marina, explicando por que decidiu usar seu apartamento para testar algumas soluções estéticas.
Antiguinho, da década de 70, o imóvel que serviu de cobaia nunca havia sido reformado. “Era como uma página em branco”, avalia a integrante do escritório paulistano Tria Arquitetura, que trabalhou com o marido no projeto. Além da inevitável troca das ultrapassadas redes elétrica e hidráulica, a planta original trazia cômodos que não se adequavam à rotina de ambos. E assim o primeiro passo foi redesenhar a distribuição.
A cozinha integrada nasceu da vontade de ficarem mais juntos. Enquanto Marina exerce seus dotes culinários, uma de suas paixões, Bruno acompanha de perto. Durante a reconfiguração dos demais ambientes, surgiu uma única dúvida – abrir ou não o segundo dormitório para a sala? Resolveram que sim. “Quando as crianças vierem, fecharemos novamente com drywall e em três dias estará tudo resolvido”, pondera a arquiteta. Delineou-se, então, a atual sala de TV, totalmente unificada ao estar. Por fim, as antigas dependências de empregada foram eliminadas, dando lugar ao banheiro da suíte. “Ganhamos tanto espaço, que as pessoas chegam e nem acreditam serem apenas 72 m²”, continua.
Depois de três meses de obra e muito quebra-quebra, o novo lar passou a exibir os tais acabamentos ousados que motivaram a reforma. Impossível não notar o piso negro e as paredes de lambri metálico, verdadeiros protagonistas
da transformação. Marina e Bruno também optaram por deixar aparentes as estruturas de concreto e, para um contraponto, abusaram da madeira nos armários da cozinha. “Foi perfeito como as coisas se encaixaram”, conclui a arquiteta e moradora.
O resultado é um apartamento arrojado, que diz a que veio e, mais importante, tem a cara dos dois. Agora, quando algum cliente tiver dúvida sobre materiais pouco óbvios, basta convidá-lo para uma visitinha.