Formas e volumes surgem conectados de forma original para compor um espaço lúdico, autêntico e libertário nesta construção
Por Por Renato Bianchi (texto) | Projeto Leo Romano Interiores e Exteriores
Atualizado em 22 nov 2022, 00h11 - Publicado em 4 set 2018, 15h00
Instalada num condomínio fechado de frente para a mata, em Goiânia, a residência propõe um diálogo harmonioso entre arquitetura e natureza, observando as condições físicas e topográficas, assim como a orientação solar e a dos ventos. O volume foi definido a partir da escolha do concreto como elemento construtivo principal.
(Edgard César/Divulgação)
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Uma casa dos sonhos. Ou, nas palavras de seu autor, o arquiteto Leo Romano, “um voo de liberdade”. Esses são jeitos de definir o desejo de subversão formal e conceitual presente neste projeto de 434 m² em Goiânia. A ousadia da empreitada reflete a vontade do casal de proprietários de ter uma morada com personalidade, autonomia estética e espírito livre, mas plenamente usufruída em cada canto.
O paisagismo, assinado pelo proprietário, mistura diversas espécies com coerência: há vários tipos de palmeiras, orquídeas, bromélias e capins, além de uma jabuticabeira do lado direito da residência. No jardim vertical, há espécies pouco conhecidas, como algumas carnívoras. Na escada, a mesma madeira do deck, o ipê. (Edgard César/Divulgação)
Para dar conta das demandas, a primeira medida do escritório Leo Romano Interiores e Exteriores foi pensar uma estrutura sem rigidez de hierarquia entre os cômodos sociais. “Tudo é interligado e descontraído, sem divisões muito rigorosas”, explica Leo.
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Ao optar pelo uso comedido de revestimentos, a proposta assume o aspecto natural e rústico dos materiais. Na paleta, apenas marrom, cinza e preto. “Brincamos com cores somente na cozinha, sobretudo nos armários laqueados”, diz Leo Romano. (Edgard César/Divulgação)
Em registro de homenagem, a proposta dialoga com a arquitetura pública de Brasília, mais especialmente aquela assinada por Oscar Niemeyer. Também há referências à Casa Edmundo Cavanelas, em Petrópolis, RJ, de 1954, outro notório trabalho do arquiteto carioca. “A concepção com apelo modernista se revela na piscina e nos canteiros sinuosos, nos pilares em forma de Y e na laje curva sobre a área social. Ela faz um contraponto entre peso e leveza. É como se estivesse flutuando no ar”. Essa sensação resulta da faixa de vidro que contorna a sala e a cozinha, fazendo a transição entre as paredes e o teto.
A expressão libertária da construção encontra ainda outra manifestação no paredão de escalada instalado na garagem. “O morador já deu aulas dessa modalidade. O casal e as duas filhas pequenas praticam a atividade dentro da casa”, conta o arquiteto.
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Instalada num condomínio fechado de frente para a mata, em Goiânia, a residência propõe um diálogo harmonioso entre arquitetura e natureza, observando as condições físicas e topográficas, assim como a orientação solar e a dos ventos. O volume foi definido a partir da escolha do concreto como elemento construtivo principal. (Edgard César/Divulgação)
Assim como nas notáveis moradias de Niemeyer, aqui também foi priorizada a simbiose com a topografia e a paisagem. Essa interação proporciona um passeio sensorial aos visitantes. “No percurso, iniciado na entrada do condomínio, os convidados caminham por um jardim e passam por um túnel de palmeiras antes de chegar ao deck de ipê com piscina por onde se acessa a residência”, explica Leo. “É como uma preparação para um estado de espírito diferente”, conclui.
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1/10 Não há uma entrada definida. A casa pode ser acessada pela varanda ou pela garagem. (Foto: Edgard César)
2/10 As quatro suítes ficam no volume perpendicular de concreto, envelopado pelos brises metálicos pintados no tom chocolate. Deck de ipê. (Foto: Edgard César)
3/10 Também de concreto, os pilares em Y foram escolhidos porque eram necessários quatro pontos de apoio e o arquiteto não queria tantas colunas tocando o chão. (Foto: Edgard César)
4/10 Ao optar pelo uso comedido de revestimentos, a proposta assume o aspecto natural e rústico dos materiais. Na paleta, apenas marrom, cinza e preto. “Brincamos com cores somente na cozinha, sobretudo nos armários laqueados”, diz Leo Romano. (Edgard César/Divulgação)
5/10 A varanda com degraus simula uma arquibancada e convida à contemplação da paisagem privilegiada. (Foto: Edgard César)
6/10 O pórtico de freijó entre a sala de jantar e a cozinha camufla o lavabo e o guarda-louças. (Foto: Edgard César)
7/10 O projeto exibe poucos revestimentos: cimento laminado no piso, concreto na estrutura, madeira nos móveis e no deck e pedra portuguesa no percurso de entrada do terreno. (Foto: Edgard César)
8/10 Surpreendente, a parede de escalada fixada no fundo e no teto da garagem tem acabamento de MDF pintado com aparência de aço corten. (Foto: Edgard César)
9/10 O paisagismo, assinado pelo proprietário, mistura diversas espécies com coerência: há vários tipos de palmeiras, orquídeas, bromélias e capins, além de uma jabuticabeira do lado direito da residência. No jardim vertical, há espécies pouco conhecidas, como algumas carnívoras. Na escada, a mesma madeira do deck, o ipê. (Edgard César/Divulgação)
10/10 Internamente, a distribuição prima pela clareza: ala social no térreo e quartos no volume perpendicular superior. Um subsolo dá conta da parte de serviços e da garagem. Área: ÁREA: 434 m²; Construção: Diretriz Construtora; Paisagismo: Projeto Verde Paisagismo (Ilustração: Campoy Estúdio)