Casa de praia na Bahia tem paisagem de tirar o fôlego
Vencedor da categoria Casa de Praia do prêmio O Melhor da Arquitetura, este refúgio de férias num condomínio fechado em Itacaré olha para o mar, para a mata e para o céu, graças ao escalonamento no terreno alto e acidentado
Por Texto Silvia Gomez | Projeto studio mk27
Atualizado em 9 set 2021, 14h08 - Publicado em 7 jan 2016, 09h00
Casa de praia na Bahia tem paisagem de tirar o fôlego
(Fernando Guerra/)
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O céu está azul, as redes na varanda, quietas, e a brisa típica da Bahia colabora com o dia que vai começar nesta casa de 850 m², assinada pelo arquiteto Marcio Kogan em parceria com Gabriel Kogan e Carolina Castroviejo (coautoria) e Diana Radomysler (interiores), todos do studio mk27. Tudo parece calmo na sala sob a grande laje protendida – plana e maciça – sustentada por dez pilares de concreto posicionados a cada 4,50 m. Dupla-face, essa área social se vê totalmente aberta para a frente e os fundos do terreno de 6 450 m², o qual foi pouco incomodado pela implantação. “Temos aqui no escritório o mandamento de tentar uma arquitetura delicada. Então, podemos dizer que derretemos a residência no lote. Isso significa que ela vai acompanhando a declividade e se adaptando”, diz Marcio.
Esse foi um jeito de não introduzir uma enorme mansão verticalizada no ponto de mata profusa, 13 m acima do nível do mar. “Na Bahia, é obrigatório o telhado em águas, desenho adequado a uma construção de proporções horizontais. Por isso, o projeto não se divide em andares, mas se vale de dois volumes térreos, com um deles encaixado na parte mais alta da topografia original, desfrutando de bela vista para o oceano”, explica Gabriel.
A partir dessa disposição, nasceu outra proposta, esta bem mais radical: toda a circulação acontece externamente, pelo jardim. “Assim, os moradores experimentam a natureza o tempo todo – a paisagem, a chuva, o céu, o sol se pondo, a lua nascendo”, descreve Carolina. Da sala para os quartos e até mesmo de um dormitório a outro, caminha-se ao a livre. Mas não se engane, pois tal reverência ao clima não abandonou o controle interno de temperatura, importante numa região como esta. Aqui, o combate ao calor tem um conjunto de aliados, a começar pela ventilação cruzada promovida por aberturas de grandes dimensões. “O vento chega pela sala, atravessa o pátio nos fundos, segue até os quartos e sai pelos banheiros, atrás. Trata-se de um fundamento da arquitetura colonial”, conta Marcio. O efeito frescor é reforçado pelas varandas largas, pela cobertura revestida de deck e ainda pelo pátio verde preservado entre os blocos, responsável por gerar um agradável microclima, perfeito para começar mais um dia. Só falta fechar os olhos, deitar na rede e sentir a brisa desse paraíso.
1/13 Cuidadoso com o entorno de coqueiros e vegetação nativa, o projeto ocupa o lote sem grandes arroubos verticais. Os dois blocos principais – o social (patamar de baixo) e o dos quartos (em cima) – esparramam-se ao longo do declive voltado para o oceano. (Fotos: Fernando Guerra)
2/13 Redes espalham-se pela varanda dos quartos. “Calculamos a distância entre os ganchos para conseguir fixá-los no teto, presos às vigas da laje. Se ficassem muito próximos, não obteríamos a curva adequada”, conta o arquiteto Gabriel Kogan. (Fotos: Fernando Guerra)
3/13 Em balanço de 2,50 m de largura, a varanda de 27 m de comprimento oferece sombra e ventilação aos dormitórios. Ela tem estrutura de concreto reforçada com tesouras de madeira, além de deck de cumaru. À frente, vê-se o pátio central, seguido do volume independente do térreo, destinado à área social. (Fotos: Fernando Guerra)
4/13 As portas da ala social – muxarabis de freijó – se recolhem totalmente, escancarando a paisagem à frente do solário de 3,20 x 27 m. Na piscina, as pastilhas de vidro de 2 x 2 cm (Colormix, ref. C-15) tiveram o tom definido in loco. “Levamos as amostras até lá para copiar a cor do mar”, ensina Diana. (Fotos: Fernando Guerra)
5/13 O sol da manhã lava a sala e os quartos da construção. “Mais do que a insolação, a orientação para a vista foi o que mais pesou na implantação. Mesmo assim, temos luz entrando por todos os lados, sempre filtrada pelos muxarabis”, diz Marcio. (Fotos: Fernando Guerra)
6/13 Junto da área social, fica a cozinha, voltada para o ambiente de jantar e contida num volume de madeira que comporta também a lavanderia e o lavabo. Bancada com azulejos de Calu Fontes. (Fotos: Fernando Guerra)
7/13 Laje e dez pilares de concreto estruturam a casa. “O projeto priorizou a simplicidade, com parcimônia nos detalhes construtivos complexos para facilitar a obra numa região de certa forma isolada”, explica Gabriel. Também não há profusão de acabamentos, a exemplo do piso único de granilite percorrendo todo o térreo. (Fotos: Fernando Guerra)
8/13 Como acontece com a circulação entre os blocos principais, a busca pelo máximo contato com a natureza repete-se nos banheiros dos quartos, abertos para pátios privativos com um segundo chuveiro e o prolongamento da bancada. Para isso, elegeram-se materiais bem resistentes, caso do cumaru e do granito cinza andorinha apicoado. (Fotos: Fernando Guerra)
9/13 Na lateral da ala íntima, vê-se a largura do beiral e o detalhe do forro, coberto de réguas de madeira de demolição. (Fotos: Fernando Guerra)
10/13 A simplicidade da arquitetura repete-se na decoração dos quartos, fechados com painéis de vidro, por dentro, e muxarabis tingidos, por fora. (Fotos: Fernando Guerra)
11/13 A casa se vale da topografia particular do terreno, situado 13 m acima do nível do mar, para explorar a vista da costa baiana sem precisar sobrepor os dois pavimentos. (Ilustração: Campoy Estúdio)
12/13 A área social tem 352 m². Na porção mais baixa da propriedade, há dois anexos independentes para acomodar os hóspedes, totalizando 150 m². (Ilustração: Campoy Estúdio)
13/13 Com quatro suítes, tem 348 m². (Foto: Fernando Guerra)