Casa das Rosas reabre ao público com características originais recuperadas
Construção paulistana da década de 1930 contrasta com os prédios modernos de São Paulo
O Museu Casa das Rosas reabre no dia 28 de outubro para que o público possa contemplar o resultado da restauração do edifício. O casarão, localizado em um dos principais centros financeiros de São Paulo, é um dos símbolos arquitetônicos da cidade.
Concebido por Ramos de Azevedo (1851-1928), o projeto da Casa foi executado por seu escritório de arquitetura, que contribuiu significativamente para a paisagem da capital ao idealizar edifícios como o Theatro Municipal, a Pinacoteca de São Paulo, o Mercado Municipal, entre tantos outros. Concluída em 1935, a Casa das Rosas personifica a era dos palacetes de arquitetura eclética que faziam parte da Avenida Paulista desde o início do século passado até o final dos anos 1930.
Entre as curiosidades encontradas durante o processo de restauro destacam-se as gárgulas (esculturas características da arquitetura gótica incluídas no alto de edificações), sendo que algumas chegaram a ser totalmente refeitas por meio de moldes confeccionados a partir de partes das peças originais. Também se destacam os adornos metálicos, como as peças decorativas utilizadas para cobrir os aquecedores utilizados em toda a edificação, que foram recuperados e polidos.
Uma atração especial são os papéis de parede nos ambientes da Casa: uma vez revelados com a retirada de camadas de massa e tinta, foi possível reproduzi-los e reaplicá-los; um dos originais, no entanto, pôde ser totalmente restaurado e cuidadosamente retocado à mão ao longo de diversos meses.
“O Museu Casa das Rosas renasce com uma nova identidade, preservando sua história de comprometimento com a cultura e a literatura, mas acompanhando tendências contemporâneas e possibilitando novas perspectivas para o futuro. Além disso, o público encontrará um espaço mais acessível, de modo que todos possam vivenciar o que essa instituição museológica tem a oferecer”, informa Marília Marton, secretária estadual da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo de São Paulo.
O RESTAURO
Um dos focos do restauro foi a reparação de problemas identificados na estrutura física do imóvel, como rachaduras, infiltrações e melhoria nos sistemas elétricos e hidráulicos. Um detalhe que chama bastante a atenção é a recuperação da aparência original de diversos elementos da Casa.
Para promover ampla acessibilidade, foram realizadas diversas adequações. O banheiro do térreo da antiga residência foi adaptado para pessoas com mobilidade reduzida; foi instalado piso podo tátil ao longo dos ambientes, assim como corrimãos duplos de metal, com placas contendo inscrição em Braille nas escadas, além de sinalização nos pisos para pessoas com baixa visão. Também foi projetada e instalada uma rampa de acesso ao Museu, em total harmonia com o conjunto, localizada ao lado da entrada principal de público.
Além disso, o elevador foi adequado para pessoas com mobilidade reduzida e agora dará acesso também ao subsolo da Casa, onde se encontra o Acervo Haroldo de Campos, composto pelos mais de 20 mil volumes que pertenciam à biblioteca do poeta, um dos criadores da poesia concreta e patrono do Museu.
EXPOSIÇÕES
A exposição de curta duração “Vivências do Novo”, pensada para reabrir a Casa das Rosas, é composta por dois módulos; o primeiro, no térreo, trará imagens e informações sobre as transformações da Av. Paulista, sobre o projeto da Casa das Rosas – criado pelo célebre arquiteto Ramos de Azevedo, também focalizado nesse ambiente –, e as diversas fases de utilização do edifício. O segundo módulo, “Dimensão Cidade”, que conta com curadoria da pesquisadora Paula Borghi, exibirá obras de 15 artistas contemporâneos, reunidos sob o tema da urbanidade e com trabalhos em diferentes modalidades artísticas, como pinturas, esculturas e instalações.
“Reforçando uma das propostas do museu, essa exposição mostrará como a Casa das Rosas é testemunha viva das transformações urbanas da metrópole e, ao mesmo tempo, um centro que promove a diversidade abrindo suas portas às manifestações culturais e artísticas de coletivos e artistas da cidade e do Brasil”, afirma Marcelo Tápia, diretor da instituição.