A arquitetura desta casa de campo foi inspirada em galpões e armazéns
No interior paulista, esta residência tomou emprestados da linguagem de depósitos e armazéns o pé-direito alto, a ideia de amplitude e a configuração térrea
Por Marianne Wenzel
Atualizado em 9 set 2021, 09h25 - Publicado em 7 set 2018, 10h00
Já com um projeto prontinho em mãos, o dono desta casa de campo precisou mudar de rumo por motivos de trabalho. Estava prestes a se transferir com a família para Miami quando contatou o trio Fernando Forte, Lourenço Gimenes e Rodrigo Marcondes Ferraz, do escritório paulistano FGMF, em busca de uma solução alternativa para o terreno. “Ele ainda queria construir, mas achou que, diante da nova situação, deveria repensar como”, diz Fernando. Localizado numa antiga fazenda no interior paulista transformada em empreendimento imobiliário de alto padrão (com haras, clube de golfe e infraestrutura para prática de esportes como tênis e polo), o lote de esquina de 1 730 m² pedia uma ocupação engenhosa a fim de acomodar piscina, deck e jardim além de uma generosa área social e muitos quartos (são sete, mais um de serviço).
“Logo imaginamos uma construção térrea, e a ideia evoluiu para esse par de galpões interligados apenas pelo hall de entrada”, descreve Fernando. A distribuição em pavilhões organiza bem as funções e responde à demanda por praticidade: em vez de uma complexa estrutura de dois andares, fizeram-se dois caixotes de alvenaria estrutural de blocos de concreto coroados por um telhado de duas águas. “O visual da cobertura era uma questão importante desde o início porque o condomínio veta lajes planas e impõe o uso de telhas cerâmicas. Já tínhamos essa experiência de trabalhos anteriores”, conta Fernando, que cumpriu as exigências, porém domou-as com o desenho característico das obras assinadas pelo trio.
Foi assim que o telhado surgiu sem pesar no conjunto nem chamar a atenção graças à sua baixa inclinação e ao fechamento com telhas do tipo plan, mais achatadas do que as tradicionais. Por dentro, o refinamento se revela nas tesouras metálicas, no revestimento de madeira da área social e na solução inventiva dada à cozinha, acomodada numa espécie de caixa ebanizada. Toda a razão ao filósofo alemão Arthur Schopenhauer (1788-1860), que definiu a simplicidade como o último degrau da sabedoria.
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