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3 perguntas para o urbanista Ayrton Camargo e Silva sobre mobilidade urbana

Estabelecer faixas exclusivas para ônibus e implantar sistema de transporte elétrico são opções para melhorar a locomoção nas cidades

Por Por Marília Medrado
Atualizado em 9 set 2021, 13h39 - Publicado em 5 jan 2017, 08h55
3 perguntas ao urbanista Ayrton Camargo e Silva sobre mobilidade urbana
Segundo Ayrton, com as ruas saturadas e o trânsito, o processo econômico é bloqueado, já que demora-se para chegar ao trabalho e, cansadas, as pessoas produzem menos  (Foto: Oswaldo Corneti/ Fotos Públicas (05/01/2016)/)
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Autor do livro Tudo é Passageiro, o arquiteto e urbanista Ayrton Camargo e Silva conta como o bonde deu lugar aos carros na vida de nossas metrópoles. Na entrevista a seguir, ele reflete sobre a mobilidade de ontem e de hoje.

Arquitetura & Construção: Por que assistimos à crise da mobilidade urbana?

AS: Os bairros vão se adensando, mas as avenidas são inelásticas. O colapso é fruto da incapacidade das ruas de atender a tantas viagens. É falsa a ideia de que o carro proverá todo o deslocamento da população, pois a capacidade de vazão é limitada.

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A&C: Há saídas?

AS: A curto prazo, criar faixas exclusivas para ônibus. Numa via expressa, uma faixa de 3 m de largura escoa 2,8 mil pessoas por hora. Se essa mesma via ficar só para ônibus, o número cresceria para 40 mil. Melhorar o sistema com semáforos controlados por computador, dando prioridade aos ônibus nos cruzamentos, é outra alternativa. A longo prazo, acredito em implantar nos corredores um esquema de transporte elétrico como o bonde, hoje chamado de veículo leve sobre trilhos, o VLT, que usa energia limpa.

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A&C: Que lições nos lega o passado?

AS: Entre 1900 e 1968, com o fim dos bondes, havia mais de 700 km de linhas instaladas. Esses trilhos que percorriam os bairros poderiam ter sido transferidos para os principais corredores, redesenhando toda a trama. Iniciativas como a inauguração do VLT na cidade do Rio de Janeiro e na Baixada Santista só começam a ocorrer agora no Brasil. Lá fora, cidades francesas com cerca de 400 mil habitantes adotaram o bonde como opção de mobilidade. As alemãs estão os recolocando de onde foram retirados. Lisboa, em Portugal, e Madri e Barcelona, na Espanha, reimplantaram suas redes. O melhor: esse processo também revitaliza as áreas onde acontecem.

 

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