Tadao Ando assina hotel exclusivo com somente 7 quartos
Se passar a noite em um hotel projetado por um ganhador do Pritzker já pode ser considerado uma experiência exclusiva por si só, imagine então se o estabelecimento tiver somente sete quartos
Se passar a noite em um hotel projetado por um ganhador do Pritzker já pode ser considerado uma experiência exclusiva por si só, imagine então se o estabelecimento tiver somente sete quartos. Esta é a proposta do hotel Setouchi Aonagi, assinado por Tadao Ando (que ganhou o Oscar da Arquitetura em 1995), e que está funcionando desde o começo do ano na cidade de Matsuyama, província de Ehime, sul do Japão.
O hotel possui uma atmosfera luxuosa e exclusiva em meio a estética minimalista. A assinatura de Ando aparece nas grandes extensões retas de concreto, nas aberturas enquadradas e na ampla integração com a natureza, possibilitada por um grande número de terraços e paredes de vidro. Uma grande piscina ao ar livre, cercada por um muro de concreto, chama a atenção por sua forma.
Os somente sete quartos abrigam de três a cinco hóspedes, possuem pé-direito de 8 m, mais de 100 m² de área cada e móveis de madeira. O hotel também conta com piscinas, sauna, spa, campo de golfe, galeria de arte e restaurante típico. Os preços, no entanto, são altos: a diária sai a partir dos 820 dólares.
Setouchi Triennale e Naoshima
Antes da reformulação feita por Ando, a construção funcionava como um museu particular e também já foi uma residência privada. Com a nova estrutura, o hotel passa a integrar o circuito artístico da Setouchi Triennale, considerado um dos mais importantes – senão o mais – festival de arte do Japão.
A história da Triennale se confunde com a do próprio Tadao Ando: em 1988, o empresário Soichiro Fukutake, presidente da Benesse Corporation, convidou o arquiteto para criar um novo pólo cultural nas ilhas localizadas no mar do Seto, uma pobre zona industrial e que começava a sofrer os efeitos do envelhecimento da população. O projeto alavancou a economia da região e transformou a ilha de Naoshima em referência mundial no mundo artístico: diversas instalações estão espalhadas pela área, como a icônica abóbora de Yayoi Kusama, e quatro museus atraem visitantes do mundo todo – o Naoshima Contemporary Art Museum foi citado como um dos trabalhos de destaque de Ando na ocasião de seu Pritzker. Em uma comparação simples, Naoshima seria como a cidade brasileira de Inhotim.
O desenvolvimento da região extrapolou as ilhas e chegou ao continente – daí, a inclusão da cidade de Matsuyama, onde fica o hotel Setouchi Aonagi, no circuito artístico. O nome Aonagi vem da junção de ao (青, “azul”) e nagi (凪, “calma proporcionada pelo mar”) e significa algo como a tranquilidade trazida pelo vento do mar.