Jardim no Rio é uma verdadeira lembrança de Burle Marx

O traço do grande paisagista brasileiro, falecido há 20 anos, brota nos projetos de seu sócio, Haruyoshi Ono. À frente do escritório deixado pelo mestre, ele continua semeando jardins como este.

Por Por Simone Raitzik | Projeto Burle Marx & Cia | Fotos André Nazareth
Atualizado em 20 dez 2016, 21h17 - Publicado em 2 set 2014, 23h56

No topo de uma montanha entre os bairros do Flamengo e de Botafogo, no Rio de Janeiro, mora um jardim. Espalhado no terreno de 970 m2, ele estende aos visitantes tapetes de vegetação rasteira em diferentes cores, intercalados em canteiros sinuosos de espécies nativas e um pomar. Tudo isso ao som do canto dos pássaros e do barulhinho da água. Um jardim de verdade, como queria o dono. Por isso, confiou sua área verde ao herdeiro do maior paisagista que o Brasil já teve.

O arquiteto Haruyoshi Ono começou a atuar com Roberto Burle Marx (1909-1994) ainda estudante, em 1965. De aprendiz se tornou sócio do Burle Marx & Cia, que assumiu após a morte do mestre, há 20 anos. Desde então, Haru, como é conhecido, tem dado continuidade à recuperação de obras assinadas por seu mentor e amigo, como o Parque do Flamengo, além de se dedicar a captar novos trabalhos – não importa a escala – com o intuito de manter viva a filosofia do escritório. Uma de suas realizações recentes é este quintal. “Tinha certeza de que ele trataria o espaço como uma poesia, traduzindo com sensibilidade minha paixão pela natureza”, diz o cliente. Haru relata: “Logo que visitei a casa, sugeri tirar o galpão localizado nos fundos dolote e fazer ali um lago e um painel colorido. O polo de atração deixaria esse trecho da área externa mais convidativo”. O especialista gosta de incluir mosaicos de pastilha de vidro artesanal nos projetos a céu aberto. “É nossa marca registrada, um legado de Burle Marx que continuamos a implementar. Ele adorava também as fontes porque representam um elemento vivo e em constante movimento.” A vegetação tropical completa o cenário. “Valorizar a flora nativa, típica do contexto em que vivemos, faz parte de nossa essência”, arremata.

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