Cozinha une marcenaria rosa, brises, horta e granito branco
Projeto de Bruno Moraes para a CASACOR SP 2023 também valoriza o design e artesanato brasileiros
Para sua estreia na CASACOR São Paulo, o arquiteto Bruno Moraes, à frente do BMA Studio, assina a Cozinha Funcional: são 80 m² – 68 m² para a cozinha e sala de jantar, somados aos 12 m² para a cozinha de apoio – que recebem convidados para eventos durante toda a mostra.
Logo na entrada, os brises da fachada abrem e fecham. “A ideia foi projetar uma solução que permita olhar para fora, ver o jardim, ou também pode ser fechada, como nosso corpo, nossos olhos”, explica Bruno.
Ali também está a escultura Menino Além do Espelho, do escultor e arquiteto Samuel Angelo, um convite para viajar em recordações da infância. “Como a ideia era conceber uma cozinha afetiva e nostálgica, com elementos rústicos e brasileiros, escolhemos uma escultura de criança, brincando com bolinhas de gude douradas, justamente para fazer o visitante se aprofundar nas próprias memórias desde a entrada do ambiente”, comenta Bruno.
A cozinha apresenta um tom de rosa antigo, que traz alegria e descontração ao décor. Além disso, a projeção e a distribuição da marcenaria e seus nichos são eficazes em seu propósito de facilitar o ato de cozinhar, assim como receber bem o morador e seus convidados.
“Uma das nossas principais preocupações era tornar presente a natureza em vários pontos do projeto, desde a transparência entre o brise, que permite visualizar o paisagismo externo, até o nicho dos temperos sobre a bancada e as plantas na prateleira superior”, conta o profissional.
Centro do projeto, a bancada de 4,4 m de extensão, com parte em balanço e dois tipos de acabamentos (flameado e levigado) no granito branco Itaúnas, lembra a pedra no estado bruto. Ela abriga o cooktop e tem o apoio da coifa robusta. “Optamos por não empregar componentes químicos e nocivos à saúde, como é o caso das pedras industrializadas”, afirma o arquiteto.
Com a mesma premissa da sustentabilidade, toda estrutura metálica empregada para o projeto será reaproveitada após o período de exposição.
Com uma marcenaria que resgata o provençal revisitado (leves sulcos entram no lugar portas e gavetas almofadas), a cozinha dispõe de uma cristaleira que recebe todo repertório de vinhos. Outros acessórios que compõem o décor são os utensílios de cerâmica, peças de barro vindas de comunidades de artesãos mineiros, como a cidade de Monte Azul, fotografias e itens de colecionadores que se misturam com samambaias e outras plantas com essência genuinamente nacionais.
Contando com peças exclusivas de Bruno Faucz e Tadeu Paisan, o arquiteto mescla o design brasileiro com seu olhar multifacetado, resultado de seu profissionalismo e sua recente visita à Semana de Design de Milão, expondo um belíssimo vaso que trouxe diretamente de lá, assinado por Suka Braga.
A iluminação do ambiente também é estratégica, combinando perfis de led, AR70 No Frame, spots de sobrepor e pendentes, onde o mais importante não são as luminárias, mas o efeito luminoso. Na área mais funcional, voltada para o preparo dos alimentos, uma solução mais fria foi a escolhida e, nos arredores da mesa de jantar, luzes quentes tornam o local acolhedor e intimista.
“Trouxemos o trabalho do fotógrafo Rogerio Fernandes com imagens em tribos indígenas vivendo na natureza, a grande morada de todos. Além de resgatar as origens do nosso país, os cliques expostos compõem uma Gallery Wall e se enquadram com o tema Corpo e Morada, uma vez que manifestam a mais plena harmonia do ser humano com o seu habitat”, sintetiza o arquiteto.
Em formato orgânico, a mesa de jantar de madeira, acompanhada por seis posições de cadeiras, é uma extensão da cozinha e uma oportunidade para sempre renovar a experiência no espaço.
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