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Como foi a evolução das cozinhas nos últimos 500 anos

Veja a história do cômodo preferido de muitos e como ela é muito mais complexa do que o lugar de simples preparos de comida

Por Ana Carolina Harada
Atualizado em 14 dez 2022, 21h04 - Publicado em 13 abr 2020, 18h55

Se você pensar bem, a comida é um grande combustível da humanidade, tanto literal quanto metaforicamente. A busca por alimento e a maneira como nos relacionamos com ele determinou muito do nosso modo de vida ao longo dos milênios. E a cozinha é o espaço-chave, palco de interações sociais e reflexo das relações humanas de uma época.

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(Reprodução/Casa.com.br)

Veja, por exemplo, no tempo Neolítico, quando as tribos deixaram de ser nômades coletores e se tornaram sedentários (não no sentido da pessoa que não faz exercício, mas sim daqueles povos que vivem em um local fixo). A fogueira – lugar de preparo das refeições – era o ponto de socialização onde acontecia a convivência entre os membros da comunidade.

Em algumas populações indígenas atuais, que habitam em ocas, a fogueira manteve sua importância simbólica, ficando bem no centro da construção. Ali é onde os membros da tribo se reúnem para conversar, trocar experiências e se divertir, tudo isso junto do consumo dos alimentos.

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O HomeAdvisor fez um pequeno vídeo mostrando a evolução da cozinha ao longo de cinco séculos de história, mais especificamente da cozinha europeia e norte-americana. O material foi produzido com auxílio da professora de História da Universidade de Greenwich, Sara Pennell, e da curadora de de coleções históricas da Nova Inglaterra, Nancy Carlisle.

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(Reprodução/Casa.com.br)

Na primeira imagem, está a cozinha do Renascimento. Sombria, feita de pedra e mais parecida com a masmorra de um castelo medieval, esse ambiente não era um local de reuniões familiares, muito menos a fogueira de confraternização. Mas, ao contrário do que possa parecer à primeira vista, este cômodo provavelmente pertencia a uma casa muito rica. Acontece que, neste período, a cozinha era um espaço de serviço, a ser frequentado somente por empregados. As comidas preparadas eram consumidas em outros cômodos mais luxuosos, como a sala de jantar.

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(Reprodução/Casa.com.br)

De forma parecida, no Brasil, as cozinhas da casa grande, da época dos engenhos também não eram chiques. Como quem preparava os alimentos eram escravos, os senhores não viam necessidade de dar muita atenção ao espaço. As cozinhas da casa grande (sim, havia mais de uma) ficavam nos fundos do terreno, meio espalhadas, onde estavam os pomares o quintal. A ideia de cozinha aqui é de locais relacionados ao preparo dos alimentos, não necessariamente concentrados.

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(Reprodução/Casa.com.br)

Como é possível observar no vídeo, o conceito de cozinha muda ao longo dos séculos seguintes. Entre 1600 e 1800 o ambiente passa a ganhar cada vez mais elementos de ocupação e uso que vão além de cozinhar. Cadeiras, mesas e louças indicam que os moradores da casa não só fazem seus almoços e jantares, mas também os consomem ali!

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(Reprodução/Casa.com.br)

É possível relacionar esse fenômeno ao destaque que a vida privada ganha com o passar desses anos com o fortalecimento da burguesia e do capitalismo industrial. O estilo de vida cheio de produtos (que agora eram feitos em escala industrial) e muito centrado no indivíduo é muito distante da vida comunitária em torno da fogueira, dos palácios cheios de servos, ou dos engenhos cheios de escravos.

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(Reprodução/Casa.com.br)

Finalmente, chegamos à cozinha do século 20. Ela se parece muito com as nossas atuais, não? Bem, nos anos 1900 a cozinha passa, de fato, a ter mais elementos familiares, como eletrodomésticos, por exemplo. Isso economizava bastante espaço, já que, agora, você não precisava mais de um caldeirão ou de um fogão a lenha dentro de casa. Por esse motivo, a cozinha fica menor em área, mas muito mais eficiente, uma manifestação do minimalismo criado nessa época.

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(Reprodução/Casa.com.br)

Vale ressaltar também a mudança nos materiais: na cozinha do século 20 os ladrilhos, azulejos e cores claras refletem a preocupação sanitarista, que também surgia na época. Esses elementos permitiam identificar a sujeira e limpá-la mais facilmente, agora que todos sabiam que a insalubridade causava doenças.

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Por último, a cozinha contemporânea. Dependendo de onde você mora, sua cozinha parece mais com a do século 20 do que com a do século 21. Acontece que a função do cômodo mudou recentemente. Hoje, as pessoas entendem o preparar dos alimentos e a convivência como uma experiência unificada, o que se manifesta nas cozinhas com conceito aberto.

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(Reprodução/Olhares.news)

Os cômodos integrados são uma maneira de juntar o anfitrião com os convidados, sendo que todos podem tomar parte na preparação dos pratos. De certa forma, é uma retomada da cozinha ancestral, que via a comida e seu local de preparação e consumo como um ritual de amizade e afeto.

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