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Barra da Tijuca: em expansão

Em conjunto com o vizinho Recreio dos Bandeirantes, ela concentra 85% dos lançamentos imobiliários na capital carioca

Por Redação
Atualizado em 14 dez 2016, 10h52 - Publicado em 7 fev 2007, 19h05

Entre a costa e dois conjuntos de morros, a região é abençoada por lagoas, rios, mangues e áreas de proteção ambiental. Bairro planejado, ele oferece a segurança dos condomínios fechados e as facilidades dos shoppings, além das muitas opções de lazer. Desde os anos 1990, a migração de grandes empresas e de colégios tradicionais para a região tem aproximado o trabalho de casa, e os filhos da escola. E investimentos estão a caminho: estão em construção o Hospital das Américas e uma unidade hospitalar da Rede Sarah Kubitschek e, em 2008, será inaugurada a Cidade da Música, complexo cultural com investimento de R$ 224,4 milhões da Prefeitura.

Na avenida Sernambetiba, mansões suspensas oferecem vista para o mar enquanto os lançamentos de alto padrão se concentram na Península, faixa de terra que avança sobre a Lagoa. Acima, entre a avenidas Salvador Allende e Abelardo Bueno, na região do Riocentro e do autódromo, surgem empreendimentos para a classe média. Nessa área, as obras realizadas para abrigar os jogos Pan-americanos de 2007 estão valorizando os imóveis. Ao lado do trânsito, a poluição de lagoas, rios e canais por falta de um sistema de saneamento adequado são pontos críticos do bairro. Segundo a Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), o emissário submarino da Barra da Tijuca, em construção desde 2001, está pronto e deve entrar em operação até início do próximo ano.

Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes são bairros planejados, projetados por Lúcio Costa, em 1969. É nessa época que a região da Barra da Tijuca passa a ser vista como vetor natural de expansão da zona sul. Localizada numa planície costeira entre o maciço da Pedra Branca (oeste) e o maciço da Tijuca (leste), a Barra tem histórico de ocupação ligado à Jacarepaguá, cujas terras cultiváveis do outro lado das lagoas de Jacarepaguá, Camorim e Tijuca estimularam o desenvolvimento baseado no cultivo da cana de açúcar e, depois, das lavouras de café. Com poucos engenhos de açúcar, por conta das grandes extensões de areial e terras aladadiças, a Barra da Tijuca permaceu como uma área voltada para o lazer.

Até os anos de 1960, as principais vias de acesso para essa região passavam por Jacarepaguá e vinham da zona norte ou da região central. Cortando o maciço da Tijuca, a antiga Estrada Grajaú-Jacarepaguá, aberta pelos monges beneditinos no período colonial e hoje Av. Menezes Cortes facilitava o acesso dos moradores dessa região às casas de veraneio do Recreio dos Bandeirantes e às praias com grandes extensões de areia branca e águas limpas da Barra. No sentido Sul, as primeiras vias de acesso surgem a partir da década de 20, com as avenidas Niemeyer e a Estrada de Furnas, que se juntam para alcançar a Barra da Tijuca, contornando a Pedra da Gávea. Em 1939, foi construída uma ponte sobre a Lagoa da Tijuca, executada por iniciativa dos moradores dos loteamentos Jardim Oceânico e Tijucamar, além dos proprietários de chácaras e casas de veraneio do Recreio dos Bandeirantes. E assim começa essa nova fase da Barra que culmina com o plano de Lúcio Costa.

A idéia de fazer um plano piloto para essa região, até então mais conhecida como Baixada de Jacarepaguá, tinha como objetivo viabilizar sua urbanização de forma racional e em sintonia com o meio ambiente, tendo em vista seu rico complexo hídrico, formado por mar, lagoas, rios e canais, contornado por grandes áreas verdes. Para o urbanista Lúcio Costa, a Barra deveria se transformar, em algumas décadas, no centro metropolitano do Rio de Janeiro, uma vez que está no centro geográfico da capital carioca. O Plano tinha como ponto principal a construção de duas grandes vias, as avenidas das Américas e a Alvorada (hoje Av. Ayrton Senna), que ligariam todo o bairro, com a construção de condomínios residenciais fechados ao longo de suas margens dotados de completa infra-estrutura de lazer. Essa porção do planejamento, feito pelo famoso urbanista, foi seguida e, até hoje, são características marcantes da paisagem urbana os núcleos comerciais concentrados ao longo de cada uma das margens da Avenida das Américas, a delimitação de gabaritos dos prédios e dos espaçamentos entre eles. Daí, por exemplo, a alternância de conjuntos de torres e de casas dentro de um mesmo condomínio para preservar a ventilação entre eles e o horizonte aberto. Nos anos 1980 e 1990, a abertura da Auto-Estrada Lagoa Gávea e da Linha Amarela, que integraram a Barra da Tijuca às demais regiões da cidade, proporcionaram um rápido adensamento do bairro. Existem muitas polêmicas sobre o cumprimento do plano urbanístico elaborado por Lúcio Costa e, até mesmo, sobre sua funcionalidade. Mas, sem dúvida, o desrepeito a um dos principais eixos de seu projeto, a conjugação entre urbanização e preservação do meio ambiente, traduz-se hoje no acelerado processo de degradação de muitas de suas lagoas, mangues, rios e praias, reflexo da longa ausência de sistema eficiente de saneamento sanitário.

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Com o maior adensamento da região, o perfil intelectual de seus moradores se diversificou com o adensamento da região – hoje conta com 220 mil habitantes, o dobro do número de 15 anos atrás. Ao longo da década de 1980, quando viveu sua primeira explosão imobiliária, o bairro ganhou a fama de ser o lugar preferido das elites emergentes – público simpático a um estilo de vida que girava em torno da praia, dos shoppings centers e do lazer em áreas privadas. Com centros comerciais concentrados em determinadas regiões ao longo da Avenida das Américas, o que favorece os deslocamentos de carro e o esvaziamento do espaço urbano, o lugar criava um forte contraste com o modo de vida dos tradicionais bairros cariocas, cheios de botecos nas esquinas e comércio local distribuído por suas ruas

Positivos

Muitos quilômetros de praias limpas com ciclovias

Comércio, serviços e lazer fartos

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Negativos

Trânsito

Poluição de lagoas, rios e canais

 

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