Continua após publicidade

Como reduzir os danos à saúde devido aos incêndios

Confira as orientações do Ministério da Saúde para evitar exposição à fumaça intensa

Por CicloVivo
27 ago 2024, 13h00
Como reduzir os danos à saúde devido aos incêndios
 (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil/Ciclo Vivo/Divulgação)
Continua após publicidade

Com focos múltiplos ativos de incêndios, o alerta máximo para queimadas chegou a 48 cidades paulistas no último fim de semana. O número de focos de incêndio registrados em agosto é o maior para qualquer mês nas cidades paulistas desde 1998, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Três homens já foram presos por suspeita de provocar incêndios criminosos.

Nesta manhã de segunda-feira (26), a Defesa Civil do Estado de São Paulo afirmou que não há mais focos ativos de incêndio. Porém, a qualidade do ar ainda é problemática, sobretudo porque a mudança dos ventos espalhou a fumaça para outros cantos do país. Em reportagens e redes sociais, moradores do interior paulista relatam a dificuldade de respirar em meio às fumaças.

Como reduzir os danos à saúde devido aos incêndios
(Inpe/OpenStreetMap/Dados disponíveis sob a Open Database License/Ciclo Vivo/Divulgação)

O fogo misturado aos ventos fortes, baixa umidade relativa do ar e estiagem formam uma combinação perigosa. “As queimadas emitem fumaça densa e tóxica que prejudica o meio ambiente e a saúde humana, causando problemas ao sistema respiratório e desordens cardiovasculares. Dois funcionários de uma usina em Urupês morreram nesta sexta-feira (23) tentando combater um incêndio”, disse o governo estadual em nota.

É preciso estar atento sobretudo aos incêndios decorrentes da prática na agricultura e da queima de lixo doméstico e industrial. “A fumaça está repleta de partículas minúsculas, como sulfatos, nitratos, amônia, cloreto de sódio, fuligem e monóxido de carbono, chamados de material particulado. Essa fumaça tóxica, quando atinge as pessoas, causa vários sintomas, a depender do tipo de material contido na fumaça, da quantidade e tempo de exposição”, explicou a pneumologista Isaura Espínola ao Ascom Sema.

O que fazer para proteger a saúde dos danos dos incêndios?

Como reduzir os danos à saúde devido aos incêndios
(Engin Akyurt/Unsplash)
Continua após a publicidade

Evitar a exposição à fumaça é naturalmente a principal recomendação, mas como isso não é possível para muitos, o CicloVivo traz algumas orientações do Ministério da Saúde para mitigar os danos, dentro do possível, confira:

  • Aumentar a ingestão de água e líquidos ajuda a manter as membranas respiratórias úmidas e, assim, mais protegidas;
  • Reduzir ao máximo o tempo de exposição, recomendando-se que se permaneça dentro de casa, em local ventilado, com ar condicionado ou purificadores de ar;
  • As portas e as janelas devem permanecer fechadas durante os horários com elevadas concentrações de partículas, para reduzir a penetração da poluição externa;
  • Evitar atividades físicas em horários de elevadas concentrações de poluentes do ar, e entre 12h e 16h, quando as concentrações de ozônio são mais elevadas;
  • Uso de máscaras do tipo “cirúrgica”, pano, lenços ou bandanas podem reduzir a exposição às partículas grossas, especialmente para populações que residem próximas à fonte de emissão (focos de queimadas) e, portanto, melhoram o desconforto das vias aéreas superiores. Enquanto o uso de máscaras de modelos respiradores tipo N95, PFF2 ou P100 são adequadas para reduzir a inalação de partículas finas por toda a população;
  • Crianças menores de 5 anos, idosos maiores de 60 anos e gestantes devem redobrar a atenção para as recomendações descritas acima para a população em geral. Além disso, devem estar atentas a sintomas respiratórios ou outras ocorrências de saúde e buscar atendimento médico o mais rapidamente possível.

Pessoas com problemas cardíacos, respiratórios, imunológicos, entre outros, devem:

  • Buscar atendimento médico para atualizar seu plano de tratamento;
  • Manter medicamentos e itens prescritos pelo profissional médico disponíveis para o caso de crises agudas;
  • Buscar atendimento médico na ocorrência de sintomas de crises;
  • Avaliar a necessidade e segurança de sair temporariamente da área impactada pela sazonalidade das queimadas.
  • Além de todos esses cuidados, denuncie: ao avistar um foco de incêndio ou fumaça em grande intensidade, deixe o local imediatamente, abrigue-se e informe ao Corpo de Bombeiros (193) e a Defesa Civil (199).
Continua após a publicidade

Dia do fogo – Parte 2?

Como reduzir os danos à saúde devido aos incêndios
(Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil/Ciclo Vivo/Divulgação)

Tempo seco e pouca chuva. O aumento de focos de incêndio em SP e no país, nesta época do ano, não é exatamente uma novidade. Bitucas de cigarro acesas descartadas a esmo, limpeza de áreas utilizando o fogo, queima de lixo e queima para expansão de áreas rurais são exemplos de situações que podem causar grandes estragos. A situação no interior de São Paulo, entretanto, parece atípica. O estado registrou 2.191 focos de calor em 48 horas, que correspondem a cerca de 42% dos focos no estado em 2024.

“Em São Paulo não é natural em hipótese alguma que em poucos dias tenha tantas frentes de incêndio envolvendo simultaneamente vários municípios”, declarou a ministra de Meio Ambiente Marina Silva em entrevista coletiva.

A Polícia Federal abriu 31 inquéritos para investigar as origens do fogo, incluindo dois no estado de São Paulo, que concentrou mais de 30% dos focos de calor registrados em território nacional na sexta (23/8) e no sábado (24/8), segundo dados do Inpe.

Continua após a publicidade

Uma das especulações é de que a ação criminosa seja coordenada, como o “dia do fogo” – ocorrido em 10 de agosto de 2019, quando foi ateado fogo em mais de 470 propriedades rurais. Aliás, o Greenpeace Brasil revisitou as propriedades onde foram identificados focos de fogo durante os dias 10 e 11 de agosto e, em um documento recém publicado, constatou que, passado cinco anos, tais fazendas não só seguem com altos índices de desmatamento e queimadas recorrentes como algumas delas obtiveram financiamento por meio de recursos do crédito rural.

“É injusto que proprietários que desmataram e queimaram enormes áreas, inclusive florestas públicas, tenham acessado recursos do crédito rural, que conta com o nosso dinheiro, enquanto, em alguns casos, devem grandes montantes em multas ambientais. É necessário que os bancos neguem crédito para o agronegócio que fez uso do fogo de maneira criminosa, como o visto do Dia do Fogo”, comenta Thais Bannwart, porta-voz de Florestas do Greenpeace Brasil.

Leia mais conteúdos como este no site do Ciclo Vivo!

Publicidade