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Uma entrevista com o Marcelo Galvão, diretor do filme Colegas

Marcelo Galvão, diretor do filme Colegas, fala sobre o roteiro, a síndrome de Down e sobre inclusão social.

Por Texto Raphaela de Campos Mello
Atualizado em 20 dez 2016, 21h43 - Publicado em 26 fev 2013, 15h19
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Aplaudido de pé em todos os eventos cinematográficos pelos quais passou, o longa-metragem brasileiro Colegas (Europa Filmes) estreou em 1º de março. Dirigida pelo carioca – radicado na capital paulista – Marcelo Galvão, a comédia arrematou os prêmios de Melhor Filme na 40ª edição do Festival de Cinema de Gramado e de Melhor Filme Brasileiro, eleito pelo público, na 36ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. A saga de três amigos portadores de síndrome de Down que fogem da instituição onde moram para realizar seus sonhos – casar-se, voar e conhecer o mar – é repleta de humor e delicadeza. Pura inspiração para resgatarmos da esfera do impossível nossos próprios desejos. Afinal, como um dos protagonistas diz, “a vida é muito curta para ser pequena. Por isso, precisamos aproveitá-la”. Confira, a seguir, uma breve entrevista com o diretor.

BF: Como surgiu a ideia do roteiro?

MG: Convivi com um tio, falecido em 2011, que tinha síndrome de Down. A inocência, a forma franca de falar, a emoção à flor da pele, o coração gigantesco e as atitudes engraçadas que ele tinha sempre me cativaram. Por isso, resolvi escrever algo que transmitisse essa sensação boa. Colegas não fala sobre Down ou deficiência, e sim sobre sonhos, amizade, coragem, superação, amor – temas universais e atemporais.

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BF: Foi sua intenção derrubar preconceitos?

MG: O filme dialoga com todo mundo, principalmente com o público infantojuvenil. Conheci muitas pessoas que depois de assistirem ao longa vieram emocionadas me parabenizar pela oportunidade de ver um lado da síndrome até então desconhecido.

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BF: Como você trata a questão da inclusão?

MG: A verdadeira inclusão acontece a partir do momento em que você embarca na história, esquecendo que os três protagonistas são portadores de Down. O maior problema do preconceito é a falta de contato com essas pessoas, porque, quando você as conhece, se apaixona. Nossos atores têm uma incrível capacidade de entreter o público, fazendo-o rir e chorar. Antigamente, a família era a principal responsável pela exclusão social, pois escondia os filhos com Down, dificultando a interação. Hoje, muitos desses jovens frequentam escolas normais, trabalham e interagem de forma natural com a sociedade. Por isso, quanto mais pudermos expô-los a um convívio comum, mais iremos caminhar para uma vida justa e inclusiva.

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