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Jacques Herzog refuta críticas de alunos da FAU

Em palestra na FAU-USP, Herzog enfrentou críticas por ter sido escolhido para fazer o Teatro de Dança em São Paulo, e afirmou que é preciso ir além da tradição moderna.

Por Fotos: Márcia Alves
Atualizado em 19 jan 2017, 15h26 - Publicado em 4 dez 2009, 17h31
Um título para uma foto sem titulo

Convidado a vir a São Paulo para participar da Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo (BIA), o arquiteto suíço Jacques Herzog falou para estudantes de arquitetura da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo — e enfrentou uma audiência jovem, mas claramente apegada a valores que ele considerou inapropriados ao pensamento e à prática de uma arquitetura contemporânea. Depois de apresentar uma série de projetos de seu escritório — o Herzog & de Meuron, um dos mais renomados da atualidade, que responde por obras em várias partes do globo –, o vencedor do prêmio Pritzker de arquitetura argumentou e refutou a insistência da plateia em criticar a decisão do governo do estado de São Paulo de contratar a dupla suíça para criar um complexo cultural – teatro da dança, sem licitação, deixando de lado a possibilidade de realizar um concurso aberto a nomes da arquitetura nacional. Alguns dos comentários de Jacques Herzog:

Arquitetura moderna:

“Eu disse que o moderno está morto e isso causou uma forte reação. Quis dizer que o moderno já acabou no sentido de que foi um dos últimos movimentos que apresentava uma solução consensual sobre o que era certo e errado, bonito ou feio, o que devia ou não ser construído. Não acho que uma ideologia se aplique, resolva tudo. Atualmente há uma série de tendências — e não mais um consenso. Não há consenso no mundo global. Modernidade e moderno podem ser parte de uma resposta contemporânea — que incorpora fragmentos de algo pré-existente. Mas, sempre, o projeto É a resposta — não existe uma resposta antes dele.”

Influências:

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“Elas estão sempre presentes em cada trabalho, mas não há uma só — são coisas com importância relativa, que não queremos nem excluir nem destacar do conjunto. Muitas vezes encontro, por exemplo, uma pitada de influência do moderno — não como uma saída para uma sociedade melhor –, mas como algo que propõe modos eficientes de fazer a integração do edifício com a natureza. Pena que os prédio de São Paulo desses últimos 20, 30 anos, esqueceram disso e apenas investiram na forma. A forma pode variar, atrair as pessoas, mas é remanescente de algo. É uma coisa fácil na arquitetura.”

São Paulo:

“Desta vez, em São Paulo, descobri edifícios interessantes que não conhecia antes — e que não são conhecidos fora do Brasil — como o da Fiesp, na Avenida Paulista. É uma obra que propõe uma experiência calcada nos valores modernos, mas que tem uma qualidade experimental, vai além.”

Teatro da dança:

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“O projeto resultou de um estudo de um ano sobre o entorno, o local. Ainda estamos trabalhando nas soluções, mas chegamos a essa forma que resulta simples, com vários planos, clareada por nuances acinzentadas e azuladas. Também temos foco na sustentabilidade ambiental. Esperamos que traga uma boa contribuição para a cidade e consiga reunir as pessoas. Sempre trago como exemplo a transformação ocorrida na margem do rio Tâmisa, em Londres, depois da chegada da Tate Modern . Sua colocação ali foi importante para atrair gente e investimentos para a região e promover a ligação do norte e do sul da cidade. A forma certa colabora para o resultado — afinal, a ideia era atrair gente de diferentes classes sociais, de todos os lados. A arquitetura pode abrir portas ou fechar portas, é preciso tomar a decisão certa.”

Prática x planejamento: “Antes, nos anos 60, um arquiteto podia decidir aspectos do detalhamento de um projeto no canteiro de obras — como aqui, neste edifício . Não há mais como se fazer isso, com as novas exigências de planejamento e prazo, as novas tecnologia. Mas a boa arquitetura se faz de detalhes, então um grande desafio para os profissionais de agora é encontrar uma maneira de testar de antemão soluções e técnicas que depois funcionem perfeitamente na hora da construção — mesmo que à distância.”

Ego e vaidade:

“Não faço arquitetura para o meu ego; faço para as pessoas que vão desfrutar do que projeto. A arquitetura é algo que contribui para a sociedade, então é preciso usar a cabeça. Um grande estádio , por exemplo, pode ficar lindo, grandioso, incrível — mas se o público não gostasse das arenas que eu fiz, eu certamente seria duramente criticado.”

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