Bienal de Arquitetura de Veneza vai ter um pavilhão brasileiro
Curador do pavilhão brasileiro na 14ª Bienal de Arquitetura de Veneza, que começa em junho, o diplomata e crítico André Corrêa do Lago falou com A&C
O senhor diz que nossa arquitetura mais conhecida não é a do passado, mas a moderna. Por que, então, mostrar em Veneza construções vernaculares e barrocas?
Uma das grandes contribuições dos modernistas foi utilizar a dimensão relevante desse tipo de obra no mundo contemporâneo: os materiais locais, as técnicas construtivas, a adaptação ao clima etc. Havia em nosso modernismo o desejo de estabelecer uma ligação com o passado, mas muito mais pela substância do que pela forma. É interessante ver as antigas realizações e buscar entender de que maneira foram absorvidas.
Que premissas considerou ao eleger cada um dos 50 arquitetos e 180 projetos que irão à mostra?
Procurei atingir mais o público internacional, pois esse é o objetivo da bienal, com obras que possam ter um impacto compreensível pelos estrangeiros.
Como a exposição evidenciará a relevância de Lucio Costa, Oscar Niemeyer, Burle Marx, Affonso Reidy, Lina Bo Bardi, Lelé e Paulo Mendes da Rocha?
São nomes excepcionais, que têm de ser fortalecidos. Desses, só Niemeyer já ocupa o lugar que merece na história da arquitetura mundial do século 20. Todos, porém, poderiam estar num panteão. O maior reconhecimento desses sete ajuda a entender a variedade e a riqueza dos diferentes caminhos da produção nacional.São artistas que atingiram raríssimo grau de maturidade e consistência.